sexta-feira, 13 de junho de 2008

Casa arrombada, trancas à porta

O conselho do Governo Regional da Madeira decidiu criar um "Plano de Abastecimento do Arquipélago da Madeira" na sequência dos problemas criados pela paralisação dos transportes terrestres de mercadorias que afectou a distribuição de bens estratégicos no continente.
Afirma o Exectuvivo que a decisão foi tomada face à inépcia do Estado Português e da legislação vigente para fazer face à complexidade dos problemas.
Tal Plano visa minimizar os problemas de abastecimento da Região em situações de anomalia e de consequente dificuldade de capacidade de resposta.
Diz a Região que a paralisação dos camionistas pôs em cheque o Estado Central.
Em parte, concordamos com isso.
Contudo, não tenhamos ilusões ou, qualquer dia, teremos de engendrar um Plano contra a maquiavélica globalização ou negociar com Chavez a importação de crude, directamente da Venezuela para a Madeira.
A reacção do Governo Regional faz-me lembrar aquela peça de teatro chamada "Plano de Abastecimento", uma adaptação da obra de Luís Mourão.
A sinopse é a seguinte:
A acção desenrola-se numa ilha deserta onde um homem e uma mulher (personagens principais da peça) se revezam na árdua tarefa de cavar um buraco suficientemente grande.
Durante a escavação, as duas personagens mantêm um diálogo que gira em torno das difíceis condições de vida na ilha.
A certa altura as personagens, já exaustas e famintas, encontram água.
Este inesperado acontecimento vai trazer repercussões não só na vida do homem e da mulher mas também na vida da própria ilha.
Moral da história:
Resta-nos cavar um buraco. Não à procura de água mas, talvez, de petróleo.

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