sábado, 19 de setembro de 2009

Memórias: Poços de lavar (comunitários)

Ainda existem alguns na minha freguesia e nas demais freguesias da Madeira. Infelizmente abandonados ou aos quais se deu outro fim. Uns cuja arquitectura foi adulterada e outros pura e simplesmente demolidos para, no seu lugar, serem erguidas
novas edificações -dizem- em prol da comunidade!!!.Os poços de lavar roupa comunitários povoam a minha memória de infância. Um deles ficava bem perto da minha escola primária, nos Casais de Cima. Lembro-me de outro no Ribeiro Escuro, há muito desactivado.
Hoje estão sem uso. Uns invadidos por mato. Outros para quem o anil, o pau de sabão azul e a roupa a coarar nas imediações não passa de uma memória.Meus senhores, urge recuperar fontanários (sofre estes debruçar-me-ei noutra oportunidade) e poços de lavar comunitários.
Uma luta em nome da memória colectiva pois há quem defenda que eles devem ser transformados noutras coisas como armazéns de apoio às juntas de freguesia. Neste momento, podem não ser utilizados mas pode chegar o tempo em que alguém os utilize,
pelo que devem continuar a ser de livre acesso e abertos ao público.Vejam esta passagem do romance de Concha Rousia, 'As sete fontes': "...eles nunca se contentam, parece que não lhes chega nada. Arranjei­-lhe os poços de lavar, onde havia um velho de pedra, no seu lugar fiz três novos com cimento, um para beber o gado e outro para lavar, e o outro para …, três, para que não se queixem, e tampouco gostaram deles...".
O 'Manual de história da Madeira' também a eles faz referência nestes termos: ..."O final do Séc. XIX trouxe outras preocupações sociais que conduziram a uma aposta na canalização de águas, construção de fontanários e poços de lavar"...
A mensagem que deixo é a seguinte: Contrarie a seguinte trova de são João: "Andam a restaurar poços de lavar que ninguém vai usar, mas de um rego de regadio que muita falta faz, disso ninguém quer falar".
Diga antes: Ainda bem que andam a restaurar!

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