segunda-feira, 16 de maio de 2011

Eufemismos linguísticos...

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar 'afro-americanos' aos pretos (sem qualquer conotação racista), com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado! As 'criadas' dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico'.

Extinguiram-se nas escolas os 'contínuos' que passaram a 'auxiliares da acção educativa'. Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'. Os caixeiros-viajantes são 'técnicos de vendas'.

O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez'; os operários são agora 'colaboradores';as fábricas, vistas de dentro, são 'unidades produtivas'e vistas de fora são 'centros de decisão nacionais'.

O analfabetismo desapareceu, cedendo o passo à 'iliteracia'. Desapareceram dos comboios e navios as 1.ª e 2.ª classes mas continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'. Ser mãe solteira, com os novos tempos, passou a 'família monoparental'. Já não há crianças 'terríveis'; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'.

Os 'cegos' -palavra desagradável e aviltante- passou a 'invisual' (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)

As 'putas' passaram a ser 'senhoras de alterne' e 'garotas de programa'. Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em 'implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes', 'alavancar' e outros barbarismos da linguagem.

Os tradicionais "anões" estão em vias de passar a 'cidadãos verticalmente desfavorecidos'. O 'mongolismo' passou a designar-se 'síndroma do cromossoma 21'. O autismo foi banido da Assembleia da República. Os gordos e os magros passaram a ser pessoas com disfunção alimentar. Os gordos obesos e os magros anoréxicos,

Os que fazem desfalques não são ladrões mas cidadãos que incorrem no crime de 'peculato'. O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema".E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a 'correcção política' e o novo-riquismo linguístico. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.

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