terça-feira, 23 de junho de 2009

Memórias: Palavras que aprendi desde pequeno (I e L)

-Inhame: Existem várias espécies mas somente duas existem com maior frequência (inhame branco, e inhame vermelho) e delas são retiradas vantagens para os habitantes. O inhame branco encontra-se nos lugares encharcados; os vermelhos são menos exigentes em humidade, e podem mesmo viver nem lugares secos. O inhame vermelho coze com mais facilidade que o branco. É na Páscoa que são mais consumidos.
-Instrução: No campo é mais frequente referir-se a Educação pela palavra 'Instrução'. Ter educação significa ter boas maneiras.
-Junco: Serve para fazer gaiolas e os caules utilizam-se para atilhos e vencelhos.
-Lagartixa: Pequeno réptil muito frequente na Madeira e que causa grandes estragos nas uvas, tomates, etc.. Em crianças, divertíamos a caçá-las de laço e escupo.
-Lagoa: As originais existem na cratera de um vulcão. Existe uma do género ao chegar ao Fanal e que, nos Invernos mais prolongados se enche de água, formando um pequeno lago. Existe mais abaixo outra lagoa para fins agrícolas e, do outro lado da ribeira, nos Lamaceiros, a lagoa que serve a Central Hidroéléctrica da Ribeira da Janela.
-Laje: Existem duas definições para esta palavra. Uma lage de pedra e 'deitar uma lage' que significa cobrira a casa com cimento/betão.
-Lapas: A lapa branca é a mais comum de quatro espécies. A segunda é a lapa preta, a terceira a lapa pé de burro e a quarta o concharéu. A lapa branca é a que vive em maiores fundos; a lapa pé de barro encontra-se muitas vezes acima da linha da preia-mar e a lapa preta, também chamada das mulheres, fica a descoberto logo que baixa a maré.
-Lapinha: É com este termo que na Madeira se designam os 'presépios', que desde séculos estão entre nós. é uma palavra peculiar da Região. Deve ser o diminutivo de «lapa» com o significado de furna, gruta ou cavidade aberta em um rochedo, por analogia ou semelhança com o local do nascimento do Divino Redentor. As "lapinhas" madeirenses são armadas sobre uma mesa, tendo como centro uma pequena escada de poucos decímetros de altura, de três lanços contíguos, e no topo da qual se coloca a imagem do Menino Jesus.
-Laranjeira: Árvore que produz a laranja. Há as laranjas doces e as azedas. Também conhecidas por toranjas. As folhas e flores de laranjeiras são usadas para chá nas doenças nervosas e nas digestões laboriosas. Da mesma família existem as tangerinas ou laranjas tangerinas. Os ramos tenros e floridos são usados no Domingo de Ramos.
-Leitão: Bácoro dos porcos.
-Leituga: Não sei se por importação do castelhano ou por mérito próprio mas, no campo, dá-se esse nome a algumas espécies de alfaces.
-Lenha: A madeira para queimar usada nas casas é colhida na serra. É de vária espécie desde urze, faia, pinheiro, eucalipto, etc.. Ir à serra buscar lenha para obter o combustível para os usos domésticos faz parte do nosso imaginário etnográfico.
-Lesmas: Moluscos que aparecem nos lugares húmidos ou umbrosos, nas hortas, por entre as ervas, vinhas, etc.. Há uma espécie que vive ordinariamente sob as pedras e os cântaros que é conhecida às vezes pelo nome de lesma, apesar de ser provida de concha.
-Leste: Os madeirenses dão o nome de leste ao vento que sopra do lado da Costa de África e é acompanhado sempre de aumento considerável da temperatura e de um alto grau de secura atmosférica. Quando ele se faz sentir, o sol fica embaciado e o céu apresenta-se completamente limpo de nuvens, o que poucas vezes acontece noutras ocasiões.
-Levadas: Esses cursos de água que eu me dispenso de descrever porque sobejamente conhecidos. Na Ribeira da Janela existe a Levada Nova, Lombo Gordo, Cedros, Baixo e Cima.
-Limoeiro: O sumo dos seus frutos serve para a preparação de limonadas e é útil em certas inflamações da garganta. O limoeiro que produz os limões chamados de galinha, é a variedade ácida da subespécie Limonium.
-Linho: Planta têxtil cultivada em quase todas as freguesias da Madeira. O linho, depois de colhido, é passado pelos dentes do ripanço, afim de perder a baganha, indo depois a curtir para dentro de tanques ou nas águas das ribeiras. Decorrido este prazo, é posto a secar, depois do que é esmagado com um malho. Afim de separar as fibras têxteis da parte lenhosa que a elas adere, vai o linho à gramadeira e depois a tasquinhar, mas é somente no sedeiro, que é uma espécie de pente formado de dentes metálicos fixos sobre uma peça de madeira, que se desenreda e se pode tornar mais delgado o fio, fazendo-se ao mesmo tempo a separação das estopas. Tanto o linho como as estopas são fiados na roca. O fio é depois de ensarilhado, metido no forno ou em barrela, indo depois a corar ao sol. Dobado o fio depois de branqueado pode passar finalmente aos pequenos teares que existem disseminados por vários pontos da ilha e onde termina a série de operações a que o povo acertadamente costuma chamar os tormentos do linho.
-Lombrigas: Esses 'animaizinhos' que se apoderavam do nosso aparelho digestino e que, qual ténias, nos roubavam os alimentos. Conclusão: ficávamos magrinhos.
-Loureiro: Árvore de família das lauráceas, de 6 a 20 metros. Para além do espeto para carne, as folhas são um óptimo tempero e as sementes usadas para azeite de louro.

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