sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Foi há 10 anos!

É verdade já passaram 10 anos.
Se não estou em erro foi em Outubro de 1998 que, estando eu em Canárias, o meu chefe de redacção me ligou para me deslocar de Las Palmas, onde estava, para Lanzarote, onde reside o escritor português José Saramago.

A ideia era entrevistar o novel prémio Nobel da Literatura.

E foi isso que fiz.

Foi uma aventura mas uma surpresa imensa ao ver a simplicidade com que Maria Del Pilar veio à porta me receber.

Saramago, lá dentro, com os seus incontornáveis três cachorrinhos, 'Greta', 'Pepe' e 'Camões' estava a dar uma entrevista a um canal de televisão português.

Do alto dos seus então 75 anos (iria fazer 76 a 16 de Novembro) recebeu-me com tal simpatia que me surpreendeu.

Eu um "aprendiz de jornalista" (estava no jornalismo há apenas 4 anos) e ele o vulto da literatura mundial.

Tal como Saramago que recebeu a notícia do Nobel quando aguardava calmamente no aeroporto alemão de Frankfurt, onde participou da tradicional feira anual de livros, o momento de embarcar para as Ilhas Canárias, também aguardei a minha vez para trocar uma palavras com Saramago.

Claro que naquela altura tão mediática em que o escritor estava a ser assediado por órgãos de comunicação social de todo o mundo, foi um 'achado' o 'Diário de Notícias da Madeira' conseguir a entrevista.

Para tal não terá sido alheio o facto da sua filha, Violante Saramago Matos, desde o Funchal, ter intercedido para nos receber.

O que perguntar a um nobel da literatura?

Foi esta a primeira inquietação.

Falou-se de muita coisas, desde o diploma (Prémio Nobel de Literatura acompanhado de cerca de um milhão de dólares e do que fazer com eles) até à 'censura' do então secretaria de Estado da Cultura Pedro Santana Lopes que recusou submeter 'o evangelho' a um concurso literário internacional.

Falou-se de Lanzarote e de César Manrique (seu vulto e mecenas maior), das reservas mentais em colocar os livros de Saramago (tipo 'Memorial do Convento') nos currículos escolares, do PCP, etc..

O resultado foi uma entrevista (uma das grandes da minha vida de repórter) que o DIÁRIO deu à estampa em 1998.


Tal como expontaneamento comentou Saramago quando soube do Nobel: "A língua portuguesa esperou 100 anos por isto" comento eu agora "passaram-se já 10 anos"...

José Saramago foi o primeiro escritor do nosso idioma a receber o cobiçado prémio.

"Já estava na hora", ecoou a filha mais velha, Violante, desde o Funchal, na Ilha da Madeira, onde mora.

BEM HAJA José Saramago e obrigado por tudo o que já fizeste pela literatura portuguesa!

Sem comentários: