terça-feira, 31 de março de 2009

Dos Açores... bom vento


Até sou cliente da 'Açoreana de Seguros' mas estranhei a romaria de gente ilustre que foi a uma pseudo-inauguração de instalações da 'Açoreana' no Funchal.

Digo pseudo-inauguração porque, de facto, a 'Açoreana' já cá está há vários anos e até já teve três sedes: Uma junto ao Banif, uma no Torreão e agora na Praça Amarela, num espaço antes ocupado por um banco.

Contudo, pelas figuras que acorreram à cerimónia, parecia que estávamos perante uma companhia de raiz a instalar-se pela 1.º vez na Madeira quando a empresa já está no mercado desde o século XIX (a seguradora foi fundada em 1892).

Repito, nada tenho contra a 'Açoreana' mas tenho para mim que tanta gente ilustre numa inauguração não se deve a às novas cores da empresa mas ao seu 'dono' (Grupo Banif).

Numa época de crise, é bom dar-se com quem tem dinheiro.

Nota:
Não deixei de reparar nas imagens 'mázinhas' da RTP-M que, no mesmo plano, em pólos separados, colocou os delfins desavindos, Miguel Albuquerque e Cunha e Silva. Sendo que foi Albuquerque a ter as honras de descerrar a placa.

segunda-feira, 30 de março de 2009

A mediatização da justiça não é "nefasta"


Li há dias no JM que o Dr. Miguel Albuquerque é contra a judicialização da vida política.
Pareceu-me um desabafo de quem se sente acossado.
Para além de uma contradição (veja-se o que disse o líder do partido bem recentemente sobre o caso 'Freeport' que deveria levar Sócrates a demitir-se)
É que, quando a decisão judicial é favorável aos políticos há todo o interesse em que a população saiba.
Quando a decisão é desfavorável lá vem o lamento
"Se olharmos para as decisões patéticas de certos Tribunais Administrativos em matérias do campo político, percebemos que se ultrapassou o limite do razoável e que o princípio da separação dos poderes começa a ser posto em causa na original Democracia portuguesa", Albuquerque dixit.
Ora, a chamada “politização” da justiça é argumento utilizado por políticos. Nunca vi juízes queixarem-se.
Não está em causa o princípio essencial da Separação de Poderes mas o escrutínio de um poder sobre o outro. Pelo menos enquanto a Constituição (outra mal amada) o permitir.

Caro Dr. Albuquerque a “mediatização” da justiça também não é "nefasta" como preconiza.
É outra forma de escrutínio do poder político.
Ou terei de lhe lembrar a frase de um dos primeiros presidentes desse colosso que é os EUA: "Se me coubesse decidir se deveríamos ter um Governo sem jornais ou jornais sem um Governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa", disse Thomas Jefferson.

domingo, 29 de março de 2009

Memórias de infâncias: O Dr. Jardim






No Serrado ou Eira do Pico, na Ribeira da Janela, fica a Casa do Dr. Jardim.
O Dr. Jardim era um médico ilustre natural da Ribeira da Janela.
Só o conheci fugazmente.
Na freguesia, num miradouro perto da igreja, podemos encontrar a estátua do Dr. Francisco Rodrigues Jardim, que ficou conhecido por ter ajudado todos os doentes que o procuraram.
Está localizada nos arredores da pequena mas bonita igreja, cuja padroeira é a Nossa Senhora da Encarnação.
A estátua foi mandada esculpir por acção do ex-presidente da Junta de Freguesia, António dos Anjos Pereira (mandato de 1998 a 2002) que, para tal, angariou verbas até juntos dos emigrantes da freguesia, sobretudo na África do Sul e Venezuela.
A estátua do Dr. Francisco Rodrigues Jardim, datada de 2001, foi colocada numa pequena praceta anexa à Avenida.
Francisco Rodrigues Jardim (1910-1999) foi um médico outrora conhecido em toda a Região e especialmente no Porto Moniz, por nunca ter aceite dinheiro pela realização de consultas médicas.
Em troca, a população pagava-lhe com mão-de-obra, isto é, trabalhava e tratava as terras do 'senhor doutor'. Diz-se que, insatisfeita com esta situação e com os problemas daí adjacentes, a classe médica da Região, com a ajuda de alguns governantes, resolveu afastar este médico do Porto Moniz, enviando-o para o Porto Santo.
O nome Francisco Rodrigues Jardim foi dado ao Centro de Saúde do Porto Santo, ilha onde exerceu o seu múnus no final da carreira (e também fazia questão de não levar dinheiro pelas consultas), antes de se exilar na Santa Casa da Misericórdia da Calheta onde passou os seus últimos tempos de vida.
Saudoso e benemérito médico, a 11 de Janeiro de 1999 foi publicado no JORAM que o Conselho de Governo da Madeira, reunido a 7 de Janeiro de 1999, através da resolução n.º 13/99, decidiu dar o seu nome ao Centro de Saúde da ilha dourada.
No Porto Santo há também uma estrada com o seu nome.

Memórias de infância: A Avenida

A Ribeira da Janela tem uma Avenida que não deve chegar aos 100 metros de comprimento e os sete de largura.
É efectivamente conhecida como 'Avenida' e só depois adoptou o nome Avenida Dr. João Rodrigues de Ponte em homenagem ao advogado que mandou construir esta 'Avenida', filho da terra que foi presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz entre 1934 e 1941.
Antes da nova estrada, a Avenida, junto à Igreja, era o início do caminho para os Casais de Cima (onde ficava a escola primária). Um caminho estreito que ficava intransitável durante as fortes chuvadas do Inverno.
Diz o povo que chateado com esta situação, que se repetia todos os anos, o presidente da Câmara resolveu abrir uma estrada tão larga que chuva alguma a inundaria.
Por isso, e porque a população nunca tinha visto uma estrada assim, começaram por dizer que mais parecia uma Avenida.
As pessoas acostumaram-se e o nome ficou institucionalizado.
Consta que chegaram a dizer que o presidente estava louco...
No final da 'Avenida da Igreja da Ribeira da Janela', existe um pequeno fontanário dedicado à padroeira da freguesia, Nossa Senhora da Encarnação, que se celebra a 25 de Março.
Foi na 'Avenida' que comecei a dar os primeiros pontapés na bola e a fazer as primeiras corridas.
As balizas eram pedras na estrada, retiradas sempre que passavam carros... o que era raro.
Tantas vezes que a bola saltou para a vinha do Russo, hoje o polidesportivo e Junta de Freguesia da Ribeira da Janela.

Memórias de infância: A Central




A Central da Ribeira da Janela, obra arquitectónica de Chorão Ramalho, foi a primeira das duas centrais hidroeléctricas construídas na segunda fase do plano hidroagrícola, tendo ficado concluída em 1965.
Esta é a única central em regime de funcionamento permanente que está junto ao mar, na foz da ribeira, não sendo possível o reaproveitamento da água para irrigação, ou para um segundo patamar de produção.
A Central da Ribeira da Janela fica situada na foz da Ribeira da Janela, à cota de cerca de 11 metros.
Esta central utiliza águas conduzidas pelo canal da Ribeira da Janela até uma câmara de acumulação localizada no sítio dos Lamaceiros, sobranceira à foz da ribeira, à cota de cerca de 410 metros.
O canal da Ribeira da Janela apresenta dois troços, um primeiro designado por Levada dos Cedros (de pequena secção transversal), encontrando-se na margem direita da ribeira, tendo a sua origem no Ribeiro Gordo, à cota de 427 metros, apresentando um desenvolvimento de 2,800 metros (115 metros em túneis), até ao travessão situado no leito da ribeira, sendo aí que se faz a ligação com o segundo troço.
O canal da Ribeira da Janela (segundo troço) está implantado na margem esquerda da referida ribeira, onde se desenvolve, captando águas do seu leito, no citado travessão, estabelecido à cota 423 metros, na confluência com a Ribeira do Remal.
A partir daí, recebe todas as escorrências até à câmara de acumulação, situada no sítio dos Lamaceiros, após um percurso de 11.831 metros, (dos quais 2.738 metros em túneis). A extensão do canal da Ribeira da Janela é assim de 14.631 metros.
A contribuição média anual central é de cerca de 8 GWh.
A Central foi projectada por Raul Chorão Ramalho, personagem marcante na Arquitectura Moderna Portuguesa, com especial destaque para o seu testemunho na Região Autónoma da Madeira.
Entre outras obras de vulto destaque-se o edifício da 'Caixa', no Funchal, a Capela do Cemitério das Angústias, a Casa Homem da Costa, no Caniçal, a Moradia Bianchi e o Hotel Quinta do Sol, no Funchal, a reconstrução da Alfândega para albergar a Assembleia Regional, o edifício sede da EEM e outras centrais hidroeléctricas (Serra de Água, Nogueira, Calheta...).
São também da sua pena os projectos do restaurante Caravela, os balneários da praia, no Porto Santo, e, também na "Ilha Dourada", a escola primária.
Chorão Ramalho nasceu em 1914, no Fundão, e faleceu a 9 de Janeiro de 2002, aos 88 anos de idade.
Raul Chorão Ramalho nasceu estudou nas Escolas de Belas Artes de Lisboa e do Porto, trabalhou na área do urbanismo em instituições oficiais (actividade que abandonou em 1950) e, durante décadas e décadas, dedicou-se à arquitectura em regime de quase total exclusividade.
Em 1994, foi nomeado membro honorário da Associação dos Arquitectos Portugueses.
Recordo-me dos tempos de infância em que era comum os habitantes da freguesia (eu também) tirarem areia do calhau. Entre banhos na 'lagoa' em frente à central (também havia patos) e a contribuição para um monte de areia ia um passo.
Eram verdadeiras peripécias as aventuras de um 'canter' de areia a querer sair do calhau sem ficar atolado.
Outros tempos...

Parapente no ilhéu

quinta-feira, 26 de março de 2009

Memórias de infância: O que diz o Elucidário Madeirense

"Ribeira da Janela (Freguesia da).
O mais abundante e mais extenso curso de água que, formando-se no interior da ilha e no meio de alterosas montanhas, se vai lançar no oceano, é a chamada Ribeira da Janela. Nas proximidades da sua foz se levanta um pequeno ilhéu, de 40 metros de altura, tendo, quasi no cimo, um orifício natural, que, a certa distancia, lembra sem esforço uma janela aberta na penedia. Daqui vem o nome que a esta corrente deram os primitivos colonizadores. A povoação ou núcleo de habitantes que se foi constituindo nas suas margens tomou naturalmente o nome que ela tinha. Eis a origem da denominação da freguesia da Ribeira da Janela.
Os terrenos que hoje formam esta paróquia pertenceram na sua quasi totalidade à freguesia do Porto do Moniz, tendo uma parte menos considerável deles pertencido à freguesia do Seixal. Por meados do século XVI, havia já habitantes de moradia fixa nas vertentes da ribeira, existindo alguns casais na margem direita no ultimo quartel do mesmo século, que pertenciam á paróquia do Porto Moniz.
Dá-se a capela de Nossa Senhora da Incarnação como fundada em 1630 por Antonio Fernandes e Manuel Rodrigues, que eram ali moradores, dizendo-se que alguns anos depois foi destruida por uma grande aluvião. É certo, porém, á vista de documentos que examinámos, que a capela foi edificada pelo povo em 1699, sendo de 7 de Setembro deste ano a data da respectiva dotação. Será uma reedificação ou a construção primitiva? Não sabemos, mas inclinamo-nos a crer que o ano de 1699 é o da primeira edificação. Em 1754, foi a ermida acrescentada, sendo concedida licença para a sua bênção a 28 de Abril do dito ano. No ano de 1852, foram dadas de arrematação as obras da edificação duma nova igreja, pela importância de 6.1100$000 réis, mas não chegaram a ser iniciados os trabalhos de construção. No ultimo quartel do século passado é que o pequeno templo passou por uma grande transformação. Foi convertido em capela-mor, acrescentando-se-lhe o corpo da igreja, tendo-se dado por terminados os respectivos trabalhos no ano de 1874. Sobre o pórtico, lê-se a seguinte inscrição: Feita pelo povo e dirigida pelo Pe. Pombo em 1879. Para esta importante obra muito concorreram o pároco de então padre Manuel da Silva Pombo, o Dr. João Barbosa de Matos e Câmara e José Teixeira Rebêlo, proprietário nesta freguesia e representante duma nobre e antiga família, que aqui possuíu terras vinculadas. No ano de 1922, procedeu-se nesta igreja a novas e importantes reparações, devidas ás diligências do actual pároco, o padre Manuel Vasconcelos da Incarnação (1921).
Foi servida esta capela por um capelão privativo até que o prelado diocesano D. Fr. Manuel Coutinho; por provisão de 25 de Setembro de 1726, estabeleceu nela um curato provisório, que teve sua criação efectiva por alvará régio de 4 de Fevereiro de 1733, dizendo-se nesse diploma que fora criado a requerimento do vigário do Porto Moniz, Paulo Vieira Jardim, e arbitrando-se ao cura o vencimento anual duma pipa e meia de vinho e um moio e meio de trigo. Era um curato dependente da vigairaria do Porto do Moniz, mas que, como outros curatos desta diocese se foi gradualmente libertando da igreja matriz e passou a constituir uma paróquia autónoma. 0 primeiro sacerdote que aqui exerceu funções paroquiais foi o padre Inacio de Aguiar Sequeira.
São entre nós celebradas as serras desta freguesia pelas incomparáveis belezas que nelas se encontram, sobressaindo o conhecido sítio do Fanal, que, pela sua maravilhosa lagoa, denso e agigantado arvoredo, pitoresco do lugar, surpreendentes paisagens e cristalinas águas, constitui uma estancia cheia dos maiores atractivos e dos mais fascinantes encantos. Quem suficientemente conhecer as belezas naturais desta ilha e não tiver atravessado as serras da Ribeira da Janela, desconhece um aspecto novo e dos mais maravilhosos dessas mesmas belezas. Os terrenos desta paróquia são de uma notável fertilidade, produzindo abundantemente todos os géneros agrícolas que na Madeira se costumam cultivar. A irrigação faz-se por meio das levadas dos Cedros e do Lombo Gordo. Projecta-se para breve (1921) a tiragem duma nova levada, cujos trabalhos de construção já foram iniciados há muitos anos, como se disse noutro lugar desta obra. Os principais sítios desta freguesia são: Casais de Baixo, Penedo, Casais da Igreja, Casais de Além e Eira da Achada.
Tem 748 habitantes (1921).
A título de mera curiosidade, diremos que alguém nos informou que os habitantes da Ribeira da Janela são muito laboriosos, de arreigada crença religiosa, inteligentes e... vingativos.

Ribeira da Janela (Ilhéus da). Não muito distanciados da costa marítima da freguesia da Ribeira da Janela se encontram os ilhéus da Ruama, Comprido e Ilhéuzinho, comummente chamados Ilhéus da Ribeira da Janela. Um destes ilhéus deu o nome á ribeira e á freguesia, como fica dito no artigo anterior"

Ribeira da Janela: Grupo de idosos

Face à falta de jovens na Ribeira da Janela, é a população sénior que dinamiza a Cultura na freguesia.
O Grupo de Idosos da Ribeira da Janela mostra que a idade não é barreira quando se trata de defender as tradições da terra.
As músicas ‘Marcha dos Idosos’, ‘Festa é Festa’, ‘Homenagem aos Idosos e ‘Bailinho da Ribeira da Janela’ são alguns do temas interpretadas pelo grupo que tem em Paulo Novo o coordenador artístico.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Sobre a visita de Jaime Gama

Tenho isto a dizer até porque faz a 28 de Março próximo um ano que Jaime Gama disse que a Madeira tem em Alberto João Jardim "um exemplo supremo na vida democrática do que é um político combativo", afirma, no Funchal, o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, que descreveu o desenvolvimento local como "obra ímpar" :

terça-feira, 24 de março de 2009

Memórias de infância: Fonte da Crica da Vaca

Há quem lhe chame 'fonte do Creca' (o 'Creca' era um conhecido proprietário de terrenos na Ribeira da Janela e há, na freguesia, uma casa de habitação rural com o seu nome) mas há quem se incline para a versão 'fonte da crica' (a 'crica' é a vagina da vaca). Entre os que defendem a hipótese 'fonte da crica' está o historiador e porfessor universitário natural do Seixal, João Adriano Ribeiro.
Tal como em Vila Flor, concelho de Trás-os-Montes onde também existe uma 'fonte da crica da vaca', no Fanal, Ribeira da Janela, a água sai de uma abertura num penedo a que, devido à sua forma, o povo chama Crica da Vaca. Também na Galiza, Espanha, na localidade de Tameirón existe uma Fonte da Crica, perdida no alto do monte.
A 'vulva' da Ribeira da Janela fica num lugar soberbo, de toponímia engraçada e erótica. Não é caso único. Também lá existem outras singularidas toponímicas como o Brincão, o Pigarro, a Cova do Carro, a Terra da Fonte, o Estaleiro, a Ferradura, a Fonte do Elves, o Galinheiro, as Gamelas, a Passada, a Relvinha, a Roçada, a Toca da Grila.
É no planalto do Fanal que fica a 'fonte dos ingleses', outra soberba nascente que merece ser visitada. Um lugar encantador, na beira de uma falésia, revestida por árvores centenárias, assim denomonada desde seiscentos.
Por curiosidade, lembro que na ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, também existe uma Ribeira da Janela mas a da Madeira é única.
A Ribeira da Janela tem nomes 'sui generis', tem um bom vinho e muito boa gente. Gente descontraída que joga à bisca entre dois dedos de conversa e tratando-se pelas alcunhas. Sem qualquer ofensa para ninguém, há delas interessantíssimas: desde o Guisso; o Mora em casa: o Chá de batata; o Pessilungo; o Graxinha; o Fartura; o Salustro; o Vilancada; o Patanha; o 500; o Baixinho; os Sapatas; o Sabino, os Valentes, o Arranquilha; o Bragado, o Bói, o Forca, o Russo, o Frango, etc..
Enfim, gente séria e honesta que contorna a adversidade com o trabalho árduo e o divertimento.

Antes pelo contrário

O advogado Rogério Freitas Sousa lança, a 26 de Março, às 21 horas, na Fnac-Madeira, o seu segundo livro: 'Antes pelo Contrário'.
Depois do 'Enleias-me' (incursão na poesia), vem agora a incursão no ensaio/prosa.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Memórias de infância: A ponte e 'O Fuso'






Foi a 9 de Maio de 1957 que a (nova) ponte da Ribeira da Janela foi inaugurada. Nessa altura ainda não era vivo mas tive a curiosidade de ler a imprensa da época. Até porque passeis alguns anos da minha infância a cruzar a ponte na companhia do meu pai, fruto das ligações deste à EEM e, como sabemos, na foz da Ribeira há a Central Hidroeléctrica onde recorrentemente ia. Ali perto, na margem esquerda da ribeira, à entrada/saída da ponte, funcionou durante largos anos o bar “O fuso”.
Mas foi a 10 de Maio de 1957 que o DIÁRIO relatava que a ponte tinha sido inaugurada pelo general Luís de Sousa Macedo (Mesquitela), presidente da Junta Autónoma de Estradas, em representação do Ministro das Obras Públicas de então, Arantes de Oliveira.
No final da cerimónia foi oferecido um almoço “íntimo” na casa do presidente da Câmara do Porto Moniz, Américo Homem de Gouveia.
A ida para o Porto Moniz fez-se pela estrada dos Canhas, em 10 jeeps (“com certa precaução e perícia da parte dos experimentados motoristas”) e, nalgumas partes (Paul da Serra), em rede.
Após um rol de personalidades que estiveram presentes na cerimónia (entre elas o presidente da Junta Geral, o governador do Funchal, Comandante Camacho de Freitas, o Eng. António Camacho Teixeira de Sousa, o presidente da Câmara do Porto Moniz, Eng. Américo Homem de Gouveia, o arquitecto Chorão Ramalho e o Dr. Horácio Bento de Gouveia), o DIÁRIO diz que a inauguração foi assinalada com uma salva de morteiros.
Relata o DIÁRIO que “numerosas pessoas ali acorreram para assistir à cerimónia. O local encontrava-se engalanado com verduras e flores e embandeirado”. “Dando mostras do seus regozijo”.
O projecto da ponte é da autoria dos Engenheiros Teixeira de Sousa e Abel Rodrigues da Silva Vieira. “Trata-se de uma das obras de maior vulto levadas a efeito pela Junta Geral. O arco tem 35 metros de abertura, de fibra média parabólica e com a flecha de 5,5 metros. O comprimento total da obra, incluindo muros de avenida, é de aproximadamente 50,2 metros. A largura é de 6,20 metros entre fachos interiores das guardas, compreendendo uma faixa de rodagem de 5 metros e dois passeios de 0,60 metros. Adoptou-se para aquela obra o tipo de ponte de tímpanos varados, com duas abóbadas de aligeiramento dispostas simetricamente de três metros de abertura.
Toda a obra, excepto os passeios e as guardas foi construída de alvenaria aparelhada de basalto, com as juntas refechadas a argamassa hidráulica. O pavimento da fixa de rodagem foi feito de calçada de paralelepípedos com juntas tomadas a argamassa de cimento, assentes em leito de betão ordinário”.

Testemunho
A construção da ponte de pedra da Ribeira da Janela ficou concluída em 1956.
António dos Santos nasceu no ano da sua conclusão. O actual vereador da Câmara Municipal do Porto Moniz recorda algumas histórias desta ponte contadas pelos pais, avós e gente que contribuiu para esta construção com mais de 50 anos.
Segundo uma das histórias, pouco depois da colocação da 'pedra chave', assim denominada por tratar-se da última a ser colocada, a força da água arrastou os andaimes.
Na altura os trabalhadores terão equacionado um desfecho trágico tendo trabalho mais tempo para acelerar a conclusão da ponte.
“Ora no dia que puseram a 'pedra de fecho' a ribeira levou os andaimes mas a ponte não caiu, continuou como se vê ainda hoje”, conta António dos Santos. Entre os homens que construíram a ponte em arco contam-se alguns de fora da freguesia que acabaram por ficar terminados os trabalhos.
“Vieram partir e preparar a pedra e acabaram por ficar”, recorda o filho da terra. Entre o 'Mora em Casa', o 'Quinze', o João Mendes e o 'Baixinho' apenas um constituiu família na Ribeira da Janela, mas todos deram apoio à agricultura e à vida na freguesia.
“Essas pessoas não foram ricas nem deram grande património à freguesia, mas deixaram o seu legado”, considerou o autarca apontando para a importância de os recordar no dia em que se celebra mais um ano na vida da freguesia.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Notas soltas

1) As 41 medidas que o Governo Regional anunciou para combater a crise são bem vindas. Contudo, manda a honestidade intelectual reconhecer que a maior parte da delas tem direitos de autor: Governo da República, que também reagiu tardiamente à crise.
2) O papa Bento XVI botou falatório para repudiar o uso do preservativo. Que ele seja do mais ortodoxo e reaccionário já todos sabíamos (Ratzinger no seu melhor). Agora que a doutrina esteja afastada da mundividência, da ciência e da medicina (lembram-se de Galileo) isso não posso concordar.

3) Para repudiar o facto de uma equipa de reportagem do DIÁRIO ter sido corrida à pedrada da Ribeira do Faial.

4) Para estranhar que na Casa de Saúde São João de Deus ainda haja práticas terapêuticas do século XIX conforme denuncia o Conselho da Europa.

5) Para não ter grandes esperanças na visita de Jaime Gama à Madeira. Quem passa da crítica ao 'Bukassa' ao elogio ao expoente máximo da Democracia revela muito jogo de cintura, com todo o respeito pela 2.ª figura do Estado.

terça-feira, 17 de março de 2009

IRS: Lista de dependentes...

Um amigo fez-me chegar este 'mail' que tem a sua graça e é oportuno:

"PREPARANDO A DECLARAÇÃO DE IRS 2008!!!
Já actualizou sua lista de dependentes do IRS?
Não?
Então pode copiar da minha.
DECLARAÇÃO ANUAL DE RENDIMENTOS - IRS
(Por definição, são meus dependentes, todos aqueles que SOU OBRIGADO, POR LEI, A SUSTENTAR)
RELAÇÃO DOS MEUS DEPENDENTES:
01) Presidência da República e assessores;
02) Governo e assessores (até mesmo os familiares nomeados por clientelismo político);
03) Câmara Municipal de... e assessores (idem);
04) Serviços Municipais e IGA (consumos mínimos);
05) EEM (consumos mínimos);
06) TELECOM; OPTIMUS; TV-Cabo, etc.
07) Gás (consumos mínimos, taxas e afins);
08) Taxa de saneamento básico (recolha de lixo, etc);
09) Centro de inspecção de veículos;
10) Companhias seguradoras (seguro automóvel obrigatório);
11) Vialitoral (portagens viatuais), Viamadeira e Estradas da Madeira (consignação de parte do ISP);
12) Concessionárias de parques e estacionamento automóvel;
13) Concessionárias de terminais aeroportuárias e rodoviários;
14) Instituições financeiras - Taxas de administração e manutenção decontas correntes, renovação anual de cartões, requisição de talões de cheque etc.;
15) Mais de 250 deputados da Assembleia da República, com osrespectivos ESQUEMAS de apoio.
16) BPN, BPP e demais esquemas de enriquecimento fácil de administradores e gestores cleptomaníacos a que o estado entrega os impostos que pago, para evitar oalarme social e financeiro.

Tenho a certeza de que me esqueci de um monte deles...
Pode lembrar-se e acrescentar por mim?
Ou não será assim???"

Canudos há muitos...

Licenciaturas, masters, mestrados, pós-graduações, doutoramentos.
Sou contra a banalização (de algum modo contra a massificação) deste tipo de títulos.
E não confundo democratização com massificação.
Todos os estratos sociais devem ter a possibilidade de aceder a eles mas a forma de os adquirir não pode ser displicente.
Quando o Sol (Ensino) nasce é para todos mas nem todos têm a hipótese de chegar ao Sol.
Por outras palavras, os graus devem ser a consequência de uma selecção natural que, no fim da cadeia, apure uma “elite” (no bom sentido) realmente sábia.
O problema é que o processo de 'desnatação' está invertido. Em vez de se apurar queijo, apura-se requeijão ... leite ...soro ...água.
O processo de Bolonha tem a sua quota parte de responsabilidade nesta situação mas tal processo parece-me ser apenas a cereja no topo do bolo de uma série de más políticas que foram trilhadas para a educação.
A primeira delas a mácula política de 'mexer' vezes sem conta em reformas e contra-reformas do 1.º ciclo ao ensino superior.
A segunda prende-se com o pecadilho atabalhoado de mostrar serviço (leia-se estatísticas) perante Bruxelas.
Queremos recuperar em 10 anos o desinvestimento que falhou durante décadas e décadas.
Com a agravante de criar desigualdades e injustiças perante quem frequentou a universidade durante 5 anos e vê outros cidadãos em horário pós-laboral, 'tirar' cursos em vez de os 'frequentar'.
Com o devido respeito por quem consegue conciliar as duas coisas, tantas vezes com sacrifício pessoal e familiar.
O que conta é o título para progredir na carreira.
O resultado está à vista:
'Novas oportunidades”
'Universidades séniores'
'Acesso ao ensino superior a maiores de 23 anos'
'Universidades abertas' e 'abertas universidades' (o que conta é recrutar alunos para pagar propinas).

segunda-feira, 16 de março de 2009

Futebol jovem

É com agrado que, nos escalões de formação do futebol, vejo vários vencedores.
O Marítimo, campeão regional de Infantis
O Nacional, campeão de Iniciados
O Barreirense (quem diria) campeão de Juvenis
O Câmara de lobos, campeão de Júniores

Parabéns a todos!

Pelo menos a Alegria reparte-se por quatro em vez de ser por um ou dois...

domingo, 15 de março de 2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

Menos cloreto de sódio no pão

Há um partido político a nível nacional (o PS) que vai defender, na Assembleia da República, um projecto de lei que pretende reduzir o sal utilizado no pão.
Pena é que Portugal só actue por proposta da União Europeia.
É que, há muito que se defende a retirada do mercado de alimentos hipersalinos.
Ainda bem que, em nome dos problemas de saúde, alguém se lembra de fixar limites: pretende-se que o teor máximo permitido para o conteúdo de sal no pão, após confeccionado, seja de 1,4 gramas por 100 gramas de pão (ou seja, 14 gramas de sal por quilo de pão).
É que, actualmente, há grande diversidade na quantidade de sal utilizado no pão nas diversas padarias.
Aliás, o pão português de maior consumo, o chamado pão 'normal', possui entre 18-21 gramas de sal por quilo, ao passo que o 'pão integral' é fabricado com uma média de 15 gramas.
O pão português tem, em média, muito mais sal que o pão dos restantes países europeus.
O projecto de lei do PS considera ainda que a informação nos rótulos dos alimentos pré-embalados para consumo humano deve incluir dados sobre a quantidade relativa e absoluta de sal na embalagem.
Espera-se que a indústria de panificação, mesmo sem a lei, seja sensível a diminuir, pelo menos em 50% o valor médio de sal que é habitualmente adicionado durante a confecção do pão.
A sopa e o pão são as principais fontes de ingestão de sal no organismo.
Se cortarmos no sal, a saúde agradece.
O sal tem várias repercussões na saúde como o aumento da tensão arterial e o aparecimento de doenças cardiovasculares.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Porquê o monopólio da Santa Casa de Lisboa?

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é, desde 1783, a entidade que opera os jogos públicos em Portugal.
Ora, o monopólio de exploração de lotarias e apostas, concedido à Santa Casa de Lisboa, tem vindo progressivamente a ser posto em causa quer nos tribunais quer nas instâncias europeias.
E acho bem que se questione o monopólio. Porque não a Santa Casa do Funchal, de Santa Cruz, da Calheta ou do Porto Santo?
Além disso, se o Estado considera os jogos de fortuna ou azar e os jogos a dinheiro como uma verdadeira actividade económica, destinada a proporcionar o máximo lucro, porque não "derramar" a benesse por outras entidades igualmente ou mais altruístas do que a Santa Casa de Lisboa...
Com o mérito de descentralizar a actividade pelo resto do país porque Portugal não é só Lisboa.
Se Lisboa está a dormir que Bruxelas acorde e acabe com o monopólio: todos os operadores económicos devem ter acesso a essa actividade.
Além disso, deixem-me fazer este desabafo: Isto de publicitar "fortunas excêntricas" está a difundir nos Portugueses a cultura de que se pode ganhar a vida a jogar e sem trabalhar.

Se a livre concorrência é a pedra basilar da política económica da União Europeia (UE) então que se estenda a medida ao jogo e que a ele seja aplicada esta regra.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O 'Site' que faz os TPC...

Um estudo revelou, em 2006, que os trabalhos de casa (TPC) são uma das principais fontes de 'stress' para os alunos do ensino básico.
Até existe uma petição on-line destinada a todos aqueles que concordam com o fim dos TPC.

Bem recentemente foi anunciado que existe um 'site' que tem como missão fazer os TPC dos mais novos.

O 'Fais Mes Devoirs' ainda não está a funcionar em pleno, mas já aceita subscrições.

Os preços variam entre os 5 e os 30 euros.

Os "prazos de execução" podem estender-se até três dias e a disponibilidade é manifestada a todos os alunos interessados, do básico ao secundário.

Comentários:

Esta agora! Um 'site' que faz os TPC! No meu tempo, quem não os fazia era recebido na escola à reguada.

Agora, o facilitismo chegou a este ponto.

Tudo se compra, até os TPC. É a mercantilização da educação.

Claro que que quem tem poder aquisitivo compra, quem é pobre tem a vantagem de exercitar a mente.

De resto, não concordo com tudo o que seja dar o peixe e não ensinar a pescar

Memórias de infância: "Fame"

É caso único (ou quase único) na Madeira ou em Portugal.
Na freguesia da Ribeira da Janela, com uma área de 19,90km2 e pouco mais de 250 habitantes, os casais têm um “fame” na serra. São propriedades que não são privadas mas situadas em zona da baldio.
Presumo que a palavra “fame” seja um termo popular que deriva do inglês “farme”.
Sim porque, efectivamente, se tratam de talhões balizados por matas de onde os habitantes da Ribeira da Janela retiram material vegetal (estacas, urze para o 'amparos' -que protegem as vinhas, lenha, tanchões, feiteira, etc.)
Era lá que se ia buscar lenha para o lume (ou para abastecer a paradia), esteios ou tutores para as vinhas e hortas, rama e feiteira para sustento e cama do gado, etc..
Lá mais para trás no tempo, se faziam as esmoitadas limpando os terrenos de giesta ou “carquejas” (tojo) para plantar trigo ou aveia. Também se ia buscar a uveira para o gado e as bagas para o azeite de louro.
Desconheço quando começou a criação de “fames” mas sei que passam de gerações em gerações. Quem os abandona sujeita-se a que a Direcção de Florestas o “trespasse” a terceiros.
Sei que a 22 de Fevereiro de 1951 o Decreto-Lei n.° 38:178 mandou pôr em execução o Plano de arborização dos Baldios da ilha da Madeira, a par da protecção dos arvoredos existentes, autóctones ou exóticos.
Já antes o Estado havia concedido, deliberadamente, ao povo das freguesias do Seixal e Ribeira da Janela áreas para esmoitadas onde lhes é/era possível obter ao material vegetal necessária para a sua agricultura e em locais muito mais acessíveis do que os píncaros das montanhas onde antes iam furtivamente cortar ou incendiar as urzes para tornar viável o desenvolvimento da feiteira.
Também sei que para cortar-se qualquer árvore ou arbusto era e é preciso que o 'proprietário' do 'fame' faça um pedido às Florestas, as quais autorizam ou não (normalmente vedam o corte de tis, louros e outras espécies da laurissilva), e, se necessário, acompanham o corte através de pessoal técnico (guardas florestais).
Os 'fames' ficam entre o “ponto” e um pouco abaixo do Fanal, um magnífico santuário de tis e vinháticos centenários.
Um pouco mais acima, no Fanal de Cima, ficam os talhões dos habitantes do Seixal que criaram fios para mandar o material do cima da arriba para o Chão da Ribeira.
Certo é que, sobretudo no Verão, a azáfama nas serras da Ribeira da Janela era grande. O povo era madrugador porque isto de lidar com feiteira tem a sua “ciência”. Tinha de ser ainda sereno antes de ficar áspera.
A comida era feita na serra. Normalmente semilhas murchas com atum escabeche. Era também um ponto de encontro para reunir familiares, emigrantes e outros “senhores doutores” que só aparecem no Verão e, normalmente, só para comer.

Miradouro das Neves


Passei recentemente pelo Pináculo e, lá no alto, vi uma grua.

No miradouro das Neves está a nascer "qualquer coisa" que, concerteza, terá a melhora panorâmica sobre a cidade do Funchal....

Não sei o que é...

Bastardos

sexta-feira, 6 de março de 2009

O Núcleo Museológico da RTP-Madeira é inaugurado hoje.
Parabéns!
A propósito da RTP-M, cá vai o seguinte:

Gosto muito da Maria Aurora mas considero que a RTP-M não deveria 'abusar' da exposição pública da apresentadora.
Digo isto porque eles são programas culturais, de entretenimento, das palavras às letras... e até o 'Espaço Cidadania (Um programa que aborda a vida de organizações cívicas e culturais).

Desde meados da década de 80 que Maria Aurora aparece nos ecrãs, primeiro com uma série de programas (11-tantos quantos os concelhos) sobre a «A terra e o povo». Depois vieram o «Letra Dura e arte fina» até o «Atlântida» dos nossos dias.

Será que o 'Espaço Cidadania' (tal como aconteceu com o 'Questão Social') não poderia ser apresentado por outro quadro da RTP/RDP?

Estradas: Umas com muito outras sem nada

Compreendo que a concessão da Região à 'Vialitoral' tenha salvaguardado a manutenção periódica do piso e intervenções de fundo a cada sete anos ou à passagem de sete milhões de veículos.
Compreendo que há obras que têm de ser feitas pelo desgaste ou por acidentes (casos das barreiras metálicas ou dos viadutos).
Mas dá uma dor de alma ver troços de 'bom' asfalto a serem triturados e retirados para colocação de novo asfalto quando há estradas na Região que não vêm 'breu' desde que foram construídas.
Os buracos são evidentes e o que tais estradas secundárias pediam é que pelo menos as 'migalhas' do asfalto da 'Vialitoral' lhes chegasse.
Também registo a diplomacia com que a 'Vialitoral' aborda a correcção do relevo da via.
Não houve erros iniciais de projecto (por exemplo no ângulo de inclinação lateral à entrada e saída de curvas), o que há são correcções.
Lembram-se da auditoria demolidora que o Tribunal de Contas (TC) fez à "concessão RAM/'Vialitoral' – 2002 e 2003" (concessão por 25 anos).
Essa mesmo... a que foi divulgada a 23 de Junho de 2005 e que concluiu que 'Vialitoral' vai custar à Região 1,18 mil milhões até 2025.
E o TC já anunciou que vai fazer nova auditoria...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Memórias de infância: O Jeep

Ainda não se falava de “jeep safari”, de todo-o-terreno e de outras coisas radicais e já um jeep verdinho, do “Verdinho” subia e descia a íngreme e estreita estrada antiga da Ribeira da Janela.
Cada viagem era uma aventura.
O jeep 'willys' era o único meio para transporte de carga.
Ainda me lembro que, para evitar que a parte dianteira levantasse as rodas nas subidas, eram colocadas sacas (de areia, açúcar, farinha, sal) na grelha da frente.
O meu pai foi um desses condutores radicais.
Primeiro ao serviço do “Verdinho” e depois por conta própria.
Mais tarde juntou-se à lide o Jeep do saudoso Manuel Baptista que tinha uma mercearia (que ainda existe) na foz da Ribeira da Janela.
Aliás, por graça, as populações da Ribeira da Janela, quando a comida estava pejada de sal costumavam e ainda costumam dizer “o Baptista veio cá acima” querendo com isso dizer que trouxe o sal no Jeep.
De resto, o Jeep deu um enorme contributo à Ribeira da Janela.
Não só no abastecimento de bens de consumo como nos materiais de construção civil (cimento, areia, blocos, etc...) para a edificação das casas.
Só mais tarde se aventuraram outras viaturas na subida.
Entre elas os carochas alugados, algumas vezes pela mão de emigrantes que vinham à sua terra passar férias.

Sobre o congresso do PS...

Depois dos "Vangelis' (António Guterres -1995), o "Gladiator" (José Sócrates -20009)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Quando o céu cai em cima..

Abracurcix, o chefe da pequena aldeia gaulesa da banda desenhada que imortalizou Astérix e Obélix, só tinha um medo: que o céu lhe caísse na cabeça.

Nunca caiu, mas ficou a história para mais tarde recordar.

E nós, nem coma banda desenhada aprendemos.

São derrocadas atrás de derrocadas e continuamos a construir debaixo do rocha.

Aprende povo que não és burro...

Bate o pé

Surge hoje na boa imprensa (Leia-se Jornal da Madeira) a notícia segundo a qual o Funchal pode ter um Jardim Zoológico.
A hipótese foi assumida pelo presidente da Câmara, Miguel Albuquerque.
"Não é uma má ideia", respondeu o edil a um aluno da Escola dos Salesianos, que o interpelava sobre o assunto, durante uma visita de estudantes do 2.º ciclo daquela escola.
Comentários:

1) Em ano de eleições autárquicas, "não é uma má ideia" receber criancinhas na Câmara e até lhes dar razão.

2) Os jardins zoológicos são para grandes metrópoles cujos cidadãos (de city, cidade) não têm qualquer contacto com a natureza a não ser com as amostras de jardins conspurcados em frente aos arranha-céus. Não para o Funchal que está a dois passos do campo e ainda por cima tem uma coisa que se pretende valorizar que se chama Parque Ecológico do Funchal.

3) Será que a ideia de jardim zoológico é para pôr a bicharada da oposição lá dentro?

Arquitecturas...




O Grupo Pestana anunciou a mais recente aposta na capital da Alemanha (Berlin).
Compare a sobriedade da arquitectura num país civilizado (Alemanha) com a arquitectura dos hotéis em páises da América Latina, África e ...Madeira!

terça-feira, 3 de março de 2009

Não gosto da TVI24

Foi com alguma expectativa que aguardei pela chegada da nova estação televisiva -a TVI 24- recentemente inaugurada.
Se a ideia era fazer concorrência directa aos canais de notícias de emissão permanente (SIC Notícias e RTP-N) então não passa de MAIS DO MESMO.
E não digo isto por Alberto João Jardim ser uma espécie de cronista do novo canal na sua qualidade de político-convidado.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O mal amado, afinal, defende a Madeira...

O ministro das Finanças pronunciou-se, este fim-de-semana, em Bruxelas pelo fim dos "offshores", mas defendeu que o caso particular da Madeira é menos grave porque ainda há regras e Lisboa tem capacidade de supervisionar as suas operações.
"O que se faz na Madeira, se não existisse a zona franca da Madeira, ocorreria noutras praças ou noutros 'offshores' necessariamente não transparentes", sublinhou Fernando Teixeira dos Santos que substituiu o primeiro-ministro José Sócrates num almoço de trabalho entre os líderes dos 27.

Comentário:


E ainda dizem que Teixeira dos Santos não gosta da Madeira!!!

Excelente artigo de Pacheco Pereira

A bloguização da comunicação social
"As relações entre os blogues e a comunicação social mostram aspectos novos do sistema comunicacional em geral, de que eles são uma parte sui generis. Essas relações têm vindo a evoluir de forma interessante e que convém observar. Numa primeira fase, a reacção da comunicação social face aos blogues era de hostilidade e desconfiança. Os blogues traziam novos temas que os jornais, rádios e televisões não tratavam ou ignoravam e criticavam o seu conteúdo, abrindo um debate sobre a qualidade do jornalismo português que uma mentalidade corporativa sempre impedira que se fizesse nos próprios órgãos de comunicação social. Os jornalistas, salvo honrosas excepções, abominavam um meio que consideravam “não editado”, não conforme com as regras do processo jornalístico, com as boas práticas profissionais e com a deontologia. Na verdade, esta reacção de recusa continha muita hipocrisia, visto que o próprio trabalho jornalístico também era, no geral, pouco conforme com as normas profissionais e regras deontológicas, pouco ou nada “editado” e de muito má qualidade. Os blogues foram encarados desde início como se de competição se tratasse e os jornalistas tentavam manter um sistema de closed shop.Depois, as coisas foram mudando e iniciou-se um período ambíguo, em que os jornalistas iam buscar notícias e sugestões de notícias aos blogues, sem citar a sua fonte, deixando passar uns dias para pegar num assunto, para não haver uma correlação directa entre uma nota de blogue e uma notícia num jornal. De seguida, pouco a pouco, os jornais começaram a citar os blogues e a permitir que informações que aí se encontravam acabassem por ser notícias nos jornais, citando a sua origem e desenvolvendo o seu conteúdo. Foi o caso das contradições do currículo e do curso de José Sócrates, que de há muito tempo gerava controvérsia nos blogues, com informação e documentação sólida, e que só bastante mais tarde chegou aos jornais, ou melhor, ao PÚBLICO.Entrou-se depois numa nova fase em que a agenda dos blogues se tornou cada vez mais dependente da comunicação social e vice-versa, com a conjugação de várias mudanças na blogosfera portuguesa, que têm a ver com um crescente movimento de pessoas entre a comunicação social tradicional e os blogues, num duplo sentido, e com uma maior politização grupal da blogosfera. Este processo é de facto interligado, com o crescente recrutamento de autores de blogues para o comentário em jornais, rádios e televisões, a entrada em massa de jornalistas para os blogues e a criação de blogues de jornalistas e a transformação da blogosfera numa continuidade da acção política que lhe era exterior, embora com caracterísiticas diferentes do mainstream político. Os blogues eram regra geral mais radicais, à esquerda e à direita, mais próximos dos sectores ideológicos mais agressivos do PP (ligados a Paulo Portas) e ao Bloco de Esquerda. Em termos de linguagem, temas, escrita, os blogues tornavam-se muito confrontacionais, usando uma linguagem violenta, apoiando causas nas margens do sistema partidário, mas de um modo geral dentro dele.A migração de jornalistas para os blogues acabou por ser mais importante do que a migração dos blogues para a comunicação social “exterior”. Muito poucas vozes no comentário se afirmaram vindas de dentro para fora, enquanto muitos jornalistas, em particular aqueles que fazem uma espécie de jornalismo “interpretativo”, que pouco mais é do que política com outro nome, encontraram nos blogues a possibilidade de terem plataformas próprias competindo no terreno politizado da blogosfera. O resultado foi um empobrecimento e uma perda de autonomia temática da blogosfera, dominada pela grupusculização e pelos grupos de amigos que se fazem e desfazem, quase sempre mais unidos pelos seus inimigos do que por concordâncias comuns. Ponderadas as diferenças de tempo e de modo, a blogosfera tornou-se muito semelhante ao ambiente grupuscular da política da extrema-esquerda dos anos setenta.Para a comunicação social também houve um empobrecimento, na medida em que a sua agenda se tornou cada vez mais dependente dos blogues, que alimentam e reforçam a tendência para um pack journalism, para um “jornalismo de rebanho” que favorece consensos e situacionismos. Lendo os blogues, pode-se hoje antecipar como os jornais vão tratar este ou aquele tema, porque se tornou evidente a dependência da “notícia” da opinião dos jornalistas. Envolvido nas guerras de blogues, em que o narcisismo impera num meio muito claustrofóbico, moldado cada vez mais por um radicalismo posicional e grupal, o jornalismo ganha os vícios dos blogues.O resultado está à vista na bloguização da comunicação social, perdoe-se o neologismo. Temas marginais e das franjas, “fracturantes” no seu pleno sentido, são centrais nos blogues e passaram daí para fora. O casamento dos homossexuais, uma causa minoritária em todos os sentidos, a começar pelo da sua relevância social, passou para tema corrente, quando na realidade não o é para quase ninguém fora dos blogues e da extrema-esquerda. Não é sequer possível compará-lo com a questão do aborto, que parece antecedê-lo, essa sim, com significado social. O mesmo se pode passar com a eutanásia, sem minimizar os enormes dilemas éticos que comporta, mas igualmente marginal.Blogues e comunicação social dão relevância muito semelhante a temas deste tipo, em detrimento de questões sociais muito mais sérias e que quase não existem nos blogues, como seja os despedimentos, as condições laborais, a condição operária, o mundo rural, etc. Por razões que têm a ver com a origem social dos seus autores, mas também da mecânica comunicacional e política do meio, há temas típicos dos blogues, e cada vez menos diferenças entre esses temas e os da comunicação social em geral. O resultado é que a perda de proporções, de relevância, de valor social, típica dos discursos radicais e politizados, impregna a comunicação social quase sem se dar por isso.Vários exemplos mostram como a perda de proporção e relevância, típica da agenda dos blogues (em si nada de mal) se transferiu para a comunicação social (em si mau, porque os critérios de fora não podem ser só os de dentro da blogosfera). O modo como assumiu relevância a proibição de umas imagens num computador Magalhães num Carnaval, ou o confisco de uns livros com a “origem do mundo” de Courbet na capa, a que jornais dedicaram páginas inteiras, PÚBLICO incluído, mostram esse efeito de bloguização. Na verdade, ambas as atitudes eram condenáveis e mereciam notícia, mas é completamente desproporcionada a relevância que lhes foi dada. Mais: é falso que tivessem o significado social que se lhes atribui, de mostrar um ambiente censório na sociedade portuguesa. Há de facto um ambiente censório, mas não é aqui, não é nos actos isolados dum magistrado e duns polícias, que revelaram não ser a norma. Em ambos os casos, o escândalo motivou um imediato recuo e nenhuma força social e política se colocou do lado da censura. São epifenómenos minoritários, não revelam qualquer doença social, porque de um modo geral toda a gente os condenou. Naturalmente, sem dúvidas, sem hesitações.O que ambos os episódios revelaram de mais interessante esteve a montante e a jusante e é do domínio do debate público e não na notícia picante. Foi, por exemplo, ver como durante dias Courbet era designado por locutores e comentadores na rádio e televisão por Cubete, Curbete, Cuber, Curber, ou como o tema era comentado por gente escandalizada com a “censura” mas que se percebia à distância que não fazia a mínima ideia de quem era o autor do quadro. By the way, convém também não esquecer que a obra era mesmo na sua origem pornográfica, encomendada para fazer parte de um “gabinete erótico”, e que não é líquido que o seu estatuto de obra de arte não impeça a sua exposição com reserva. Mesmo os jornais que mais espaço dedicaram ao acto “estúpido” e “ignorante” da polícia, não ousaram colocá-la na capa, como certamente não o fariam com uma fotografia de Mapplethorpe, e isso não era censura nenhuma. Passar por estas coisas com todo o simplismo de as ver apenas como uma luta entre a liberdade sem limites e a censura estúpida, é típico dos blogues, mas não devia ser típico dos jornais. Estes são editados, não são?Disse atrás que as censuras mais preocupantes não são estas, são outras, mais invisíveis e mais perigosas porque consentidas. Não as vemos porque se escondem atrás da irrelevância espectacular, das distracções, uma especialidade dos blogues. É também por isso que a bloguização da comunicação social é má para o debate público."
José Pacheco Pereira, Historiador - “Público” 28 Fev 09

Para descontrair

Albert Einstein foi a uma festa e não conhecia ninguém; portanto, foi
tentando misturar-se com os convidados.
> > - Olá, como vai? - perguntou ele.
> > - Vou muito bem, obrigado!
> > - Qual o seu Q.I.?
> > - 200.
> > Então começou a conversar sobre Fí­sica Quântica, Teoria da
Relatividade e bombas de hidrogénio.
> > Andou mais um pouco e encontrou outra pessoa.
> > - Olá, como vai? - perguntou ele, novamente.
> > - Eu vou bem, muito obrigado.
> > - Qual o seu Q.I. ?
> > - 170.
> > Então meteu conversa outra vez, só que desta vez sobre Política,
Desigualdade Social, Reforma Agrária, etc...
> > Andou mais um pouco e encontrou uma terceira pessoa.
> > - Olá, como vai? - perguntou.
> > - Tou bem!
> > - Qual o seu Q.I.?
> > - 100.
> > Então começou a conversar sobre desemprego, aumento dos combustíveis,
terrorismo, americanos, etc...
> > Andou mais um pouco e encontrou outra pessoa:
> > - Como está, tudo bem?
> > - Tá-se!
> > - Qual o seu Q.I.?
> > - 50.
> > Então começou a falar sobre a Quinta dos Famosos, Big Brother, Cinha
Jardim, etc...
> > Deu mais uma volta, encontrou outra pessoa e perguntou:
> > - Como vai, tudo bem?
> > - Ia, meu...
> > - Qual o seu Q.I.?
> > - 10!
> > - Então, não achas que foi penalti no Porto/Sporting?