sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Memórias de infância: Fajã das selhas

Era e continua a ser um sítio encrostado no íngreme vale da Ribeira da Janela.
Chama-se fajã das selhas. Creio que não será fajã “das selas” (selas para aparelhar cavalos) nem tão pouco “das celas” (aposentos para prisioneiros) nem ainda “das celhas” (pestanas; ou pêlos ou sedas que nascem no fio marginal das folhas de certas plantas) embora plantas desta última tipologia lá existissem.
Era mesmo fajã das selhas (vaso redondo de madeira de bordos baixos) por o local ser uma zona vinícola, haver alguns lagares e as selhas serem empregues nas lides da tranfega e feitura do vinho. Parece-me o nome mais lógico.
Para lá chegar era necessário descer uma íngreme vereda mas a pequenada estava habituada a calcorrear o campo.
Diria que a fajã das selhas era a nossa instância balnear. Porque, no fundo da ribeira, havia um poço natural onde a criançada, aos magotes, se dedicava à mergulhança. Foi lá que dei as primeiras braçadas.
Era um a querer fazer o melhor mergulho do que o outro. Os vários patamares da rocha serviam de pranchas improvisadas.
Às vezes também havia selhas, de molho, na água corrente da ribeira, sobretudo nos preparativos da vindima.
As selhas ficavam de molho para inchar e, assim, vedar as aduelas das fugas de líquido.
Os garotos, esses, estendiam-se na rocha qual lagartixas.
De quando em vez, um mergulho na água.
Eram como peixes a nadar, saindo depois dali molhados, quais pintos ao sair da casca.
Por vezes a roupa despida enxugava ao sol.
Outros mais afoitos aventuravam-se na pesca das irozes (trutas se sorte houvesse), ribeira aciam ou ribeira abaixo, para grelhar o petisco lá mais para a tarde.
No regresso a casa, ainda havia tempo para penicar, aqui e ali, na subida pachorrenta da vereda, um ou outro figo, uma ou outra nespera.
E o menos que os esperava era uma sova de sapato ou de correia ao chegar, já pardo, a casa, sem ter avisado a mãe que o dia seria passado ma fajã das selhas.
Isto para as mães que não acompanhavam os filhos aproveitando a ocasião para lavar a roupa na ribeira, pô-la a coarar, dobrá-la e trazê-la enxuta, ao final da tarde, à cabeça, para casa.
Se a necessidade obrigasse, havia quem à ribeira se dirigisse para tirar alheia, colocá-la num montinho, para, mais tarde, carregá-la, às costas, para as obras em casa.
A ribeira eram também utilizada para lavar o debulho.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sambódromo?! Deixem-se de megalomanias...

Li hoje que o Governo Regional pondera criar um sambódromo no Funchal.
Cautelosa, diz a notícia que não será já para o próximo ano, mas o Governo Regional pondera a criação de uma zona plana de grande dimensão dentro do Funchal, para os cortejos de Carnaval, Trapalhão e a Festa da Flor.
Comentários:
1) Zona plana de grande dimensão dentro do Funchal só se deitarem abaixo alguns edifícios tipo Savoy, Funchal Centrum ou se, em vez do estádio do Marítimo, fizerem dos Barreiros o tal sambódromo.
2) Deixemos de imitar outros carnavais e apostemos no que é genuíno.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Trapalhão...

Não sou daqueles carrancudos que não gostam de se divertir.
Não sou sisudo ao ponto de detestar a piada e o humor do outro.
Também não encaixo no perfil do cinzentão que se demarca da diversão pública e se refugia na catarse privada de fantasias adolescentes.
Menos me revejo nos analistas que tratam os outros por 'chatos' e discorrem sobre o Carnaval, imputando-lhes a faceta da 'dissertação barroca'.
Não vivo azedo nem tenho falhas doentias de humor nem raiva de quem faz da vida uma alegrai e uma diversão.
Tenho espírito de humor e cultivo-o.
Acha que os outros têm o direito a caricaturar as tontices de uma sociedade e os respectivos tontos.
Não vivo permanentemente esmagado pelo peso das preocupações.

Coisa diferentes é o modo como se olha par o humor, já com todos os descontos da liberdade e da libertinagem permitida pelo 25 de Abril.
Acho bem a sátira a alguns aspectos da vida social madeirense e nacional.
Tolero pessoas disfarçadas de padres, freiras, travestis, diabos e de bruxas.
O que mais tenho dificuldade em admitir são certas representações e comportamentos que, na minha modesta opinião, estão muito perto do grau zero da condição humana.
É a caricatura da humanidade naquilo que tem de mais rasca.
Exemplos?!!
"Morte de Sócrates leva madeirenses a festejar" ou "casamento do ânus" numa paródia ao casamento entre homossexuais.

Juízos podemos ter, ser juízes não devemos

Tenho a máxima consideração e respeito pelo Dr. Ricardo Vieira.
Habituei-me a ver nele um homem de valores.
A memória mais longínqua que dele guardo é uma conferência a três, nas famosas "conferências do Arco", no Museu de Arte Sacra.
Foi a 30 de Março de 1990.
Com ele participaram António Gorjão e Luís Amado.
O tema era "Competitividade versus Solidariedade".
Nela se disseram algumas máximas que apontei no meu 'livro em branco'.
Umas das máxima foi "A solidariedade ou a competitividade não se decretam, sentem-se e vivem-se".
Outra foi: "Existe uma razão dialéctica entre competitividade e solidariedade".
Outra ainda: "A competitividade é a expressão realista das nossas vidas, a solidariedade é a expressão moral".
A esta distância, e com a polémica criada a propósito do dossier Savoy, deambulo entre estas duas realidades: Competitividade versus solidariedade.
Não sei se estaremos perante um problema de competitividade se de solidariedade.
O que sei é que não é fácil ser, ao mesmo tempo, vereador e advogado.
Como não é fácil ser advogado e deputado, médico e político, dirigente desportivo e político, etc...
A questão, se é que ela existe, coloca-se em diferentes patamares de apreciação.
Na esfera política, na esfera jurídica, na esfera ética/deontológica/moral.
É que, as incompatibilidade entre cargos (diria até actividades, remuneradas ou não) não são sanáveis com um simples estalar de dedos.
É por isso que tenho grandes dificuldades em ver reunidas numa única figura diferentes combinações.
Não se despe absolutamente uma camisola para, momentos depois, vestir outra pele.
Na esfera jurídica, os comportamentos podem serem imaculados (não há ilegalidades/incompatibilidades), na esfera ética/deontológica/moral fica o apuramento a cargo das instituições e das consciências (pode ser censurável), na esfera política é condenável.
Quem votou no CDS-PP nas Autárquicas de 2005 fê-lo para que o partido tivesse uma voz na vereação nos momentos mais importantes para a cidade.
Ao absteve-se de votar ou ao sair das reuniões, cumpre-se a lei mas defrauda-se o eleitorado e distorce-se a democracia.
Não sejamos anjinhos ao ponto de acreditar que certos promotores escolhem o advogado X ou Y pelos seus lindos olhos.
No mais, cada um sabe de si e Deus de todos.
Não devemos ajuizar coisas que não sabemos.
Lembremos do que disse Jesus aos que queriam apedrejar Madalena: 'Quem tiver as mãos limpas que atire a primeira pedra.'
Saber ouvir é uma grande virtude.
A censura, ou não, fica para as instituições próprias e para o supremo dia das eleições...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

À (des)atenção do Tribuna...

Foi o próprio DIÁRIO a noticiá-lo a 12 de Fevereiro último na página de Economia, sob o título, "Ajuste directo é expediente onde cabem tostões e milhões".

Memórias de infância: calda para malassadas

Era nesta época do ano.
No entrudo.
Deliciava-me a ver a tia, a mãe ou a avó a juntar a farinha, o fermento, o leite e as gemas de ovo.
As claras em castelo, a massa a levedar. A água, o açúcar...
Era um rodopio à volta da cozinha.
A destreza dos dedos a enrolar pequenos bolos de massa que caiam no óleo a ferver.
A forma como caiam era prenúncio para uma malassada mais redonda ou mais pontiaguda.
O resultado final era aferido na travessa, depois da cozedura.
Havia malassadas parecidas com ursos, outras com corninhos, outras a emitar animais.
Ainda me lembro da calda para molhar as malassadas.
Era uma água feita com açúcar e um pau de canela e casca de limão. Um molho divinal para quem não tinha mel de cana por perto.
Se houvesse mel de abelhas, em anos mais afortunados, regavam as malassadas.
Mas também havia quem as comesse 'extremes' ou com açúcar por cima.
Mas a calda era algo de fazer água na boca.

Alerta!

O incêndio que se registou no passado fim-de-semana, no Centro Comercial Marina Shopping, não é coisa de somenos.
Já são antigos os problemas de segurança naquele edifício, a começar pelas falhas de construção.
Não sei se houve ou não mau olhado ao edifíco (um dos primeiros mamarrachos da cidade) mas com os assuntos de segurança não se brinca.
Espero bem que haja uma vistoria ao edifício conforme prometeu a Câmara do Funchal.
Como é possível estar desligado o sistema de alarme contra fogo/fumo?
Como é possível haver restaurantes com deficiente sistema de exaustão?

Soube a pouco

Não tinha grandes expectativas sobre a visita do Procurador-Geral da República à Madeira.
É daqueles momentos meramente protocolares travestidos de visitas de trabalho.
Não duvido que Pinto Monteiro não tenha aprendido algo, 35 anos depois da sua passagem pela Região.
Contudo, trouxe muito poucas novidades.
E, por culpa dos jornalistas, desdobrou-se em declarações osbre assuntos nacionais.
Já se sabia que o 'dossier corrupção' entregue pelo PS-M tinha dado azo a apenas dois inquéritos novos.
Pinto Monteiro poderia ter feito melhor o trabalho de casa.
Fazer um verdadeiro balanço sentado à mesa e não a correr no corredor do tribunal.
Dizer que foram X as denúncias, que Y já tinham sido investigadas; que Z foram arquivadas, que W deram azo a acusações por este e aquele crime.
Fica a solidariedade para com os procuradores de cá.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

SOS: Só Ouço Sapatada!

Depois dos chineses, indianos e marroquinos surge esta:
A 11 de Fevereiro último, o JORAM (Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira) publicou a Resolução 146/2009 que "determina um contingente de 20 vagas para o ano de 2009, relativo ao contingente global indicativo de oportunidades presumivelmente não preenchidas pelos trabalhadores no âmbito do disposto no artigo 59.º da Lei n.º 23/2007, de 4 de Julho, a ser controlado pela Secretaria Regional dos Recursos Humanos, através do Instituto Regional de Emprego".
Acontece que antes desta resolução, o presidente do Governo Regional tinha ido a um jantar da ASSSICOM apelar aos empresários regionais para contratar gente da Madeira em detrimento de estrangeiros.

Comentários:

1) Ninguém questiona a legalidade da resolução. Questiona-se o tom em que são ditas as coisas.

2) A Associação SOS-Racismo classificou a medida do Governo Regional de "xenófoba". Está no seu direito de apreciar o conjunto de factos que levam a dizer o que disse. O que não está certo é que Jardim afirma que a SOS é "mais alguns que vivem à custa do contribuinte". E ele também não vive?
3) Será que Jardim vai processar a SOS como o fez a Baptista Bastos no pós-episódio sobre os chineses?
4) Será que a contingentação de estrangeiros vai chegar às paletes de brasileiros e chineses para o futebol e pingue-pong?

Ou eles ou eu...

O presidente do PS/Madeira, João Carlos Gouveia demitiu hoje o secretário-geral, Jaime Leandro e o líder parlamentar do partido, Vitor Freitas.
O líder regional socialista disse que sobre as suas decisões que envolvam figuras do partido não se pronuncio na praça pública.
Também os dirigentes socialistas demitidos recusaram fazer qualquer comentário sobre esta decisão de João Carlos Gouveia.

Comentários:

1) Depois dos últimos episódios sobre a sondagem relativa à lista para a Assembleia da República (5-1); depois dos nomes que se ventilaram; depois do rumor sobre a possibilidade de Emanuel Jardim Fernandes não voltar a ser candidato às Europeias e do próprio nome indicado pelo PS-Madeira para a lista nacional não figurar em lugar elegível, o episódio da demissão só surpeende os mais incautos.

2) Depois das conferências de imprensa do grupo parlamentar do PS na ALM, à "revelia" do líder; depois do trio Jaime Leandro, Victor Freitas e Carlos Pereira serem vistos a congeminar nos cafés do Apolo e arredores; João Carlos Gouveia deve ter pensado "Ou eles ou eu...".
3) Não deixa de ser curioso que Jaime Lenadro (o homem do dossier sobre corrupção) seja afasstado de secretário-geral na semana em que o Procurador-Geral da República vem à Madeira.
4) Numa casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Memórias de infância: Corsas

Em Agosto eram corsas às dezenas.
Desciam a uma velocidade vertiginosa e subiam às costas de um ou dois homens.
Entre dois dedos de conversa sobre as peripécias do carro de carga que se esborralhou ou que pendeu à banda. Com gente em cima da carga entre eles a pequenada que fazia birra para a montar.
Ou sobre as peripécias da corsa que virou (às vezes com gente em cima) e foi parar ao poio em viagens anteriores e que por pouco não apanhou os pés de quem a conduzia.
Deixavam um trilho na rocha basáltica da calçada.
O piso calcetado em pedra, ajudado pelo sebo sobre os veios, era imagem de marca.
Ainda hoje se notam nalguns troços do velho caminho da Ribeira da Janela as marcas dos veios das corsas e dos rastos das gentes que outrora os subiram e desceram.
A corsa era esse veículo de arrasto, de forma rudimentar, destinado ao transporte de carga.
Na Ribeira da Janela não era puxado por bois (pelo menos no meu tempo).
Era movido por gente e usado no transporte de cargas. Sobretudo lenha da serra, feiteira, urze, estacas para as latadas, rama de pinheiro ou pipas (raramente na minha geração).
Desciam até às casas e subiam até à Voltinha (era este o último sítio onde os camiões deixavam a carga da serra).
Distinguiam-se claramente das carretas (com rodas) usadas no transporte de semilhas, adubo orgânico (rama para replantar e dar batata doce), etc..
A corsa era simplesmente construída de uma prancha de madeira, com cerca de dez palmos de comprimento e quatro de largura em forma de rectângulo alongado.
À frente da prancha, quase sempre de madeira de til ou faia (pinheiro em certos casos, barrotes já numa fase adulterada), era atada uma ou duas cordas para a guiar.
Algumas traves da prancha eram cruzadas para evitar que se distorcesse. À frente, para evitar topetões, poderia ser forrada de duas chapas de folha ou simplesmente bem torneadas na diagonal.
Era este veículo de arrastar, que parece derivar do latim 'cursus', que ocupava as ruas da aldeia, sobretudo no Verão.
Na Ribeira da Janela ninguém a designava por 'zorra' mas, nalgumas zonas da Madeira, assim se chamava embora aplicada a certo veículo de rodas e só muito restritamente a um carro de arrasto.
Também não era um trenó, de origem francesa, esse para usar no gelo que aqui não temos.
A palavra regional 'corsa' (diria com a categoria de vernácula), sem mais explicações, está nos ouvidos da minha geração.
Da minha e de muitas uma vez que já em 1687 se aludia à corsa, sendo de crer que este veículo existisse já na ilha nos primeiros tempos da colonização.

Regionalismos...inglesada

Encontrei hoje um ficheiro de apresentação sobre a comparação do sotaque madeirense com a língua inglesa.
-Can't
Significa que não está frio
Exemplo: O café está can't-
-To see
Onomatopeia que representa tosse
Exemplo: Eu nunca to see tanto na minha vida.
-Cream
Significa roubar, matar.
Exemplo: Ele cometeu um cream.
-Dark
Significa generosidade, dar.
Exemplo: É melhor dark receber.
Ice
Expressão de desejo.
Exemplo: Ice ela me beijasse!
May go
Pessoa dócil, afável.
Exemplo: Ele é muito may go!
Monday
Vocábulo para ordenar.
Exemplo: Ontem monday lavar o carro.
Must Go
Significa mastigar.
Exemplo: Ele colocou a pastilha na boca e must go.
New
Sem roupa
Exemplo: Ele saiu de casa new.
Part
Lugar para onde mandamos as pessoas.
Exemplo: Vá para aquela part!
Packer
Prefixo que indica bastante.
Exemplo: Eu gosto dela packer-amba!
Paint
Artefacto para pentear o cabelo
Exemplo: Empresta-me o paint!
River
Pior que feio
Exemplo: Ele é o river.

Ora chip!!!

O Estado (esse papão) quer colocar chips em todos as matrículas dos carros dos portugueses.
O dispositivo, de uso obrigatório vai ter todas as informações sobre o seguro automóvel, a inspecção periódica, custará cerca de 10 euros e até servirá para pagar as portagens.
Segundo a "boa" (???) propaganda, Portugal será o primeiro a ter esta tecnologia no mundo.
O Dispositivo Electrónico de Matrícula poderá começar a ser obrigatório em breve.
A Comissão Nacional de Protecção de Dados já veio tranquilizar os portugueses dizendo que não se trata de um novo 'big brother' mas tenho as minhas dúvidas.
Sobretudo depois de ser tornado público que os nomes e as fotografias de agentes secretos do SIS não são assim tão secretos (estavam na base de dados da presidência do Conselho de Ministros).
Não sei se é chip, se é chips (batatas fritas), chirp (chilreio), ship (navio), sheep (carneiro), sheet (lençol), cheet (chita) ou cheet (m...)
Para mim, é melhor prevenir do que remediar.
Chips nos carros NÃO!

Anedotas para desanuviar

Professor:
- O que devo fazer para repartir 11 batatas por 7 pessoas?
Aluno:
- Puré de batata, senhor professor!

O professor ao ensinar os verbos:
- Se és tu a cantar, dizes: "eu canto". Ora bem, se é o teu irmão que canta, como é que dizes?
- Cala a boca, Alberto.

- "Stora", alguém pode ser castigado por uma coisa que não fez?
- Não.
- Fixe. É que eu não fiz os trabalhos de casa.

- Joaquim, diga o presente do indicativo do verbo caminhar.
- Eu caminho... tu caminhas... ele caminha...
- Mais depressa!
- Nós corremos, vós correis, eles correm!

Professor:
- Chovia que tempo é?Aluno:
- É tempo muito mau, senhor professor..

Professor:
- De onde vem a electricidade?Aluno:
- Do Jardim Zoológico!Professor:
- Do Jardim Zoológico?Aluno:
- Pois! O meu pai, quando falta a luz em casa, diz sempre: "Aqueles camelos...".

Professor:
- Quantos corações temos nós?Aluno:
- Dois, senhor professor.
Professor:
- Dois!?Aluno:
- Sim, o meu e o seu!

Dois alunos chegam tarde à escola e justificam-se:
1.º Aluno:- Acordei tarde, senhor professor! Sonhei que fui à Polinésia e demorou muito a viagem.
2.º Aluno:- E eu fui esperá-lo ao aeroporto!

Professor:
- Pode dizer-me o nome de cinco coisas que contenham leite?
Aluno:Sim, senhor professor:
- Um queijo e quatro vacas.

Um aluno de Direito a fazer um exame oral:
- O que é uma fraude?
Responde o aluno:
- É o que o sr. Professor está a fazer.
O professor muito indignado:
- Ora essa, explique-se...
Diz o aluno:
- Segundo o Código Penal comete fraude todo aquele que se aproveita da ignorância do outro para o prejudicar!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Está bem...façamos de conta

O jornalista Mário Crespo escreveu a 9 de Fevereiro no JN o seguinte artigo que um amigo me recomendou e eu recomendo:

"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?).
Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível.
Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu.
Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.
Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.
Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal.
Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores.
Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso.
Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos".

De caixão à cova

Nos últimos dois dias saíram duas notícias a roçar o hilariante.
A primeira foi ontem no JM. Reza assim:
"Um caso insólito aconteceu anteontem no cemitério de São Gonçalo por ocasião de um funeral, pelas 13.45 horas, apanhando de surpresa os familiares que integravam o acto fúnebre.
De acordo com uma das testemunhas, um indivíduo, aparentemente embriagado, atirou-se para dentro da cova onde já tinha o caixão, causando uma grande perturbação moral e indignação ao grupo de familiares presentes no “último adeus” à pessoa falecida. “Até o padre e os próprios coveiros nunca se viram perante uma situação do género”, frisou o nosso interlocutor, adiantando que a situação só foi resolvida quando o indivíduo foi retirado à força e encaminhado para fora dos espaços do cemitério".
A outra notícia saiu hoje no Diário. Reza assim: "Desentendimentos em funeral no Estreito.
A família do morto e o agente funerário não gostaram do tratamento que receberam do coveiro do cemitério do Estreito de Câmara de Lobos na última terça-feira. Houve insultos, o altifalante desligado e, no fim, as filhas quase não conseguiam despedir-se do pai falecido, pois os funcionários de uma outra agência fizeram muita confusão dentro da capela mortuária.
(...) Quando estavam a colocar o seu familiar na capela, o coveiro resolveu provocar o agente funerário. "Ele virou-se para o Sr. Sérgio e disse-lhe: pensaste que ias fazer o funeral às quatro, mas f...".
A família ficou indignada, mas entendeu que não devia responder. A ver se levava tudo a bem, sem saber que a confusão não tinha acabado.
(...) O coveiro, esse, estava no fim do cemitério, só ligou o altifalante quando o agente funerário telefonou para o fiscal da Câmara.
Nova provocação surgiu na hora de levar a urna da capela para a campa.
"O meu pai estava a meio dos outros dois mortos, mas os funcionários da agência encarregada fizeram tanta confusão que eu derramei parte da vela na família que estava a velar o outro morto, quase não consegui despedir-me do meu pai".
Refira-se que as reclamações sobre o cemitério do Estreito de Câmara de Lobos não são novas. Já houve queixas por alagamento de campas e mármores que desapareceram do cemitério".
Comentário: Há coisas fantásticas, não há?!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Memórias de infância: fábrica da baleia



Pouca gente sabe mas é um facto.
Toda a gente associa a pesca da baleia ao Caniçal mas a primeira “fábrica” existiu na foz da Ribeira da Janela e não no Caniçal.
Foi pela mão de açorianos, em 1939.
Só depois é que as instalações se mudaram para o Caniçal.
Desses tempos na Ribeira da Janela ainda restam alguns resquícios.
Desde logo a vigia das baleias e a vereda que lhe dá acesso, no Porto Moniz.
A “vigia” está estrategicamente localizada para poder observar a maior área de mar.
Foi, noutros tempos, o local escolhido para a observação da passagem de cetáceos (baleias e cachalotes).
Quando era visto alguma baleia, o funcionário da vigia emitia sinais para o Porto saindo de imediato os pescadores para a sua captura.
A baleia era depois rebocada para o calhau da Ribeira da Janela e esquartejada.
A cozedura para fazer o azeite era feita com lenha das serras da Ribeira da Janela ali levada por gente da Ribeira da Janela que tirava algum proveito económico da actividade.
Também ainda restam vestígios (poucos) da velha “fábrica”.
Para além das memórias orais de, hoje, velhinhos que se lembram da "fábrica", nalguns poios da beira mar (sobretudo Contreiras, Quebrada do Mar e Enseada) era frequente fazer de ossos de baleia estacas para suportar a latada das vinhas.
As vértebras das baleias eram usadas para bancos de cozinha.
Ainda me recordo que a minha avô tinha um banco desses na velha cozinha a lenha.
São estas memórias que urge preservar.
Já sensibilizei o presidente da Junta de Freguesia para esta realidade.
Fiz-lhe ver que poderia ser criado um núcleo museológico do Museu da Baleia na Ribeira da Janela.
Aproveitando a construção do novo museu no Caniçal, cuja inauguração está aprazada para o Verão de 2009.
Fica à consideração.

Alta tensão, muita distracção

Foi hoje anunciado que a Câmara Municipal de Santa Cruz (CMSC) pediu à Empresa de Electricidade da Madeira (EEM) que se pronuncie sobre os efeitos dos cabos de alta tensão.

Agora, a CMSC admite que a instalação de um cabo de alta tensão no concelho, que irá ligar o Caniço a Machico, está a preocupar "alguns" munícipes.

O que é curioso, uma vez que já a 14 de Janeiro, numa reportagem do DIÁRIO, se dava conta dessa apreensão.

E numa altura em que, em plena discussão pública do projecto, a autarquia ainda não tinha na sua sede, o projecto para ser consultado pelos munícipes, conforme atestou um munícipe que se dirigiu a este signatário.

Estão agora apreensivas?

A CMSC vai fazer chegar à EEM estas preocupações e solicitar que os cabos passem, sempre que possível, em zonas que não venham mais tarde a entravar o desenvolvimento?

Foi pedido que à EEM que emita um parecer no qual explique se os campos electromagnéticos criados pela passagem de linhas de alta tensão provocam ou não danos para as pessoas?

Mas afinal anda toda a gente distraída?

Ou o défice de cidadania e participação só chega aos ouvidos do poder quando chega ao pêlo de alguns poderosos?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

É só parlatório..

Na freguesia de Santana, que viu nascer o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira (ALM), existe um sítio chamado Parlatório.

Vem isto a propósito da recente deslocação de Miguel Mendonça ao território "cubano".


Antes do Governador do Banco de Portugal, Cavaco Silva recebeu Miguel Mendonça.
Segundo adiantou Miguel Mendonça aos jornalistas no final do encontro, a audiência foi concedida por Cavaco Silva no âmbito da visita oficial que efectuou ao continente, a convite do Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.
"Falámos da Madeira e de Portugal", revelou Miguel Mendonça, confessando sair da audiência "com a grande esperança que consigamos ultrapassar todos as dificuldades que os portugueses têm passado".


Ou seja, parece que o falatório só deu parlatório.


Tratou-se de uma operação de charme para "falar da Madeira e de Portugal" (QUE MAIS PODERIA SER?!!).

Já em São Bento falou-se da necessidade de normas "para conter comportamentos desviantes de deputados" (leia-se de deputados tipo Coelho).


Uma necessidade imperiosa que ascendeu a estatuto de revisão constitucional.

Votar para apresentar queixa?

O Parlamento regional discutiu hoje um projecto de resolução do PSD-M que visa denunciar ao Ministério Público os órgãos da República no arquipélago que não hasteiam a bandeira da Região nos respectivos edifícios.

O agendamento da discussão da velha questão da 'guerra das bandeiras' foi pouco pacífico.


Puderá!


Onde cabe na cabeça de alguém votar uma proposta pedindo à mesa do Parlamento para avançar com uma queixa-crime no Ministério Público?


A ALM ou qualquer outra pessoa (singular ou colectiva) tem o direito de, em qualquer momento e quando se sente lesada, avançar com qualquer queixa-crime.


Não precisa de votações.


Seria bonito se as 11 mil queixas-crime que, todos os anos, entram nso serviços do MP da Região fossem precedidas de votações a legitimar os seus proponentes.


Coisa diferente é aferir se as partes são legítimas mas para isso o sistema judiciário tem os seus patamares de aferição.


Por outro lado, não é por se fazer uma denúncia por desobediência qualificada que ela existe.


Além disso, o Estatuto Político-Administrativo e o Decreto Legislativo Regional n.º 23/2003/M, de 14 de Agosto, não podem conter normativos que afrontem a Constituição e se sobreponham à sombologia nacional.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Memórias de infância: Alambique

Na trasfega era um rodopio.
A borra decantada era aproveitada.
Era fervida para fazer a aguardente.
De 1.ª, de 2.ª, até ao mais fino apuro.
A caldeira em cobre e os tubos a reluzir eram um “mundo encantado” para a pequenada.
Era um mistério o vapor “virar” aguardente depois de passar por uma cornucópia de tubos enrolada num tanque de água fria corrente.
O cheirinho característico... era quase caramelo.
Hoje em dia, a Brigada Fiscal proíbe os alambiques tradicionais.
Antigamente, havia dois a três por freguesia.
Lembro-me de um no Portal da Eira, Ribeira da Janela.
Para utilizá-lo havia marcações prévias.
Os agricultores traziam a borra ou o vinho vinagre para o alambique e aguardavam a sua vez.
Havia agricultores que ocupavam o alambique dias inteiros.
O almoço era fornecido pelo dono da borra.
Geralmente semilhas murchas ou rachadas com atum de escabeche.
O pagamento pela utilização do alambique era em géneros.
O dono ficava com parte da aguardente destilada.
Quase sempre a lenha necessária para a fervedura era fornecida pelo dono da borra.
Outros tempos, outras vontades...

Onde estão os grafitis chiques?

Em Maio de 2008, a Câmara do Funchal prometeu uma intervenção estética nos túneis da Cota 40: Rua das Hortas, Cruz Vermelha e Campo da Barca.

Uma espécie de grafiti institucional e socialmente aceite.


Para levar adiante o seu projecto de grafitis chiques, a Câmara até abriu um concurso limitado que culminou com a escolha de uma empresa de consultoria.


O projecto vencedor até avançou com simbolismos.


Por exemplo, o vermelho foi a cor escolhida para o 'Túnel da Cruz Vermelha', que deverá ser apetrechado com azulejo reciclado.


O verde foi eleito a pensar nas Hortas que deram nome à rua nas imediações do túnel.


O branco foi o tom escolhido para o 'Túnel do Infante'.


Com esta brincadeira, a CMF conta gastar aproximadamente dois milhões de euros.


Bem sei que não é só para a pintura. É para a reforma total dos túneis da Cota 40 que inclui obras de impermeabilização.


Para já, a obra deveria ser iniciada no ano passado e deverá ficar concluída até ao final de 2009.


Veremos se será uma intervenção eleitoral em ano de Autárquicas?!!

As crianças são o melhor do mundo

União agora sim no Paraíso

Cresci e aprendi que o Clube de Futebol União, conhecido também por União da Madeira, é um clube madeirense que me merece todo o respeito. Historicamente e pese o declínio recente, é um dos grandes da ilha.
Não ignoro que o União conta com cinco presenças na 1.ª Divisão a última ma das quais na época 1994/95.
Foi condecorado com Medalha de Bons Serviços Desportivos, Medalha de Prata do Instituto de Socorros e Náufragos e Medalha de Ouro da Cidade do Funchal. Já jogou no Estádio dos Barreiros e almeja jogar na Camacha.
É que, o clube (com a mão visível do Governo Regional) começou a empreender a edificação do seu complexo desportivo no sítio do Vale Paraíso, na freguesia da Camacha.
Dispõe neste momento de um campo relvado, um sintético e outro pelado, assim como balneários e enfermaria.
Espera-se que quando pronto, este possa ser um pólo agregador e um bom ponto de partida para novas conquistas, recuperando assim o prestígio que outrora gozou.

Paradoxalmente, o União continua, (e bem digo eu) a jogar no "velhinho" Liceu.
Aliás, onde deveria assentar arraiais.
Porque, por mais ferrenho que seja, nenhum adepto unionista troca o quentinho do Liceu pelo gelo do Vale Paraíso.
O paraíso é mesmo cá em baixo.
Parece que os dirigentes do União já o descobriram.

O que se lamenta é que se tenha investido tanto dinheiro público num complexo megalómano cujos terrenos ainda estão por pagar.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

"Malha" e "Sova" são sinónimos

A oposição nacional (PSD incluído) ficou escandalizada porque o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva assumiu que gosta de "malhar na oposição".
Não percebo o frenesim.
Se vivessem na Madeira (do PSD) estariam habituados a tal linguagem.
Aliás, bem recentemente, num comício, alguém disse que queria dar uma "sova" no PS de José Sócrates.
Ora, "malha" e "sova" são sinónimos
Senão vejamos:
MALHAR: bater com malho ou martelo em; contundir; dar pancadas; zombar.
SOVAR: do latim 'subagere'; dar uma sova em; bater; amassar; pisar; moer.

Porquê o espanto!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sou contra...

Li hoje no Jornal da Madeira que a Câmara do Porto Moniz está a elaborar um Plano de Urbanização para que seja permitida a construção em banda no centro da vila.
Diz a notícia que após a conclusão deste documento regulamentador do território, a Câmara irá criar um Plano de Pormenor para definir, integrar e disciplinas as novas construções que surgirem no centro.

Comentários:

1) Sou contra a construção em banda na vila do Porto Moniz.


Apesar da "gula", a pitoresca vila do Porto Moniz não é propriamente uma "Gaula" descaracterizada com moradias em banda.

2) Registo com desagrado o facto dos famigerados "planos de pormenor" (que noutras paragens servem para legalizar aberrações urbanísticas) terem chegado ao norte da Madeira.

3) Não matem a vila do Porto Moniz com "coisas" em banda quais muralhas a ferir a paisagem.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Remédio contra a crise

por Nicolau Santos, Director - adjunto do 'Expresso':

"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial detecnologia de Transformadores. Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais e que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três Bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática.
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis. E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o Mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal.
Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam -se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.

E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos. É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.

Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia. Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arrebata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha.
E ao mostrarmos ao Mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito. Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?"

Período azul... Picasso também tinha um

O descalabro da banca começou com o BCP...

- Então Jardim Gonçalves, deste dois milhões e meio de contos ao teu filho ?
- Oh ! Pus Dei !

Começou assim a história de alguém cujo peso insustentável é ser filho de um banqueiro. Depois foi os descalabro da banca... BCP, BPN, BPP....

"Era uma vez uma sociedade de «off-shore» sediada em Gibraltar. Crystal Waters era o seu nome e o filho do banqueiro o seu sócio principal.
A Crystal Waters detinha a 'Passo a Passo', que por sua vez também controlava a 'Vasconcelos & Vasconcelos (SPRINT)'.
Para expandir e desenvolver os negócios, o filho do banqueiro contraiu diversos empréstimos junto de uma instituição bancária que lhe era familiar: o BCP.
Tinha um homem em quem confiava: um gestor de várias empresas e sociedades em que participava. De algumas empresas, o gestor chegou mesmo a ser sócio.

Um dia, quando tudo começou a correr mal e as dívidas acumuladas eram já mais que muitas, a conta corrente do gestor, entretanto caucionada, foi alvo de procedimento jurídico por parte da instituição BCP. A família está para o que der e vier, já sabemos.
Contudo...Eis que o filho do banqueiro preocupado, procura um escritório de gente da sua confiança: AM&JG. Para seu advogado escolhe um membro supranumerário da Opus Dei.
Ora, o sócio da sociedade de advogados é seu irmão.

Sim, é isso que está a pensar: a sociedade de advogados do seu irmão irá defendê-lo numa questão relacionada com o banco do seu pai.
Entretanto, alguém, à data dos acontecimentos (finais de 2004), membro do conselho de Administração e vice-presidente do BCP senta-se à mesa de negociações.
Verificando que se tratava de gente que não tinha onde cair morta o Departamento Jurídico, na pessoa do seu Director, (membro supranumerário da Opus Dei), propôs que as dívidas contraídas por aquelas sociedades fossem declaradas créditos incobráveis.

A decisão tomada pela Direcção do BCP foi favorável à proposta.
Pouco tempo depois, Jorge Jardim Gonçalves deixou o cargo que ocupava no Banco.
O que declarou Jorge Jardim Gonçalves sobre o assunto?
'Não sei de nada, as questões com clientes não passaram por mim'..

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O Jet-Set!

O escritor Mia Couto escreveu este texto e deu-lhe o título "O "jet-set" moçambicano"

A leitura é uma delícia e bem poderia chamar-se "O Jet-set português" ou "O jet-set Madeirense".

Basta trocar o país pela palava "Madeira" ou "Madeirense"

Veja:

"Já vimos que, em Moçambique, não é preciso ser rico. O essencial é parecer rico. Entre parecer e ser vai menos que um passo, a diferença entre um tropeço e uma trapaça. No nosso caso, a aparência é que faz a essência. Daí que a empresa comece pela fachada, o empresário de sucesso comece pelo sucesso da sua viatura, a felicidade do casamento se faça pela dimensão da festa. A ocasião, diz-se, é que faz o negócio. E é aqui que entra o cenário dos ricos e candidatos a ricos: a encenação do nosso "jet-set". O "jet-set" como todos sabem é algo que ninguém sabe o que é. Mas reúne a gente de luxo, a gente vazia que enche de vazio as colunas sociais. O jet-set moçambicano está ainda no início. Aqui seguem umas dicas que, durante o próximo ano, ajudarão qualquer pelintra a candidatar-se a um jet-setista. Haja democracia! As sugestões são gratuitas e estão dispostas na forma de um pequeno manual por desordem alfabética:

Anéis - São imprescindíveis. Fazem parte da montra. O princípio é: quem tem boa aparência é bem aparentado. E quem tem bom parente está a meio caminho para passar dos anéis do senhor à categoria de Senhor dos Anéis O jet-setista nacional deve assemelhar-se a um verdadeiro Saturno, tais os anéis que rodeiam os seus dedos. A ideia é que quem passe nunca confunda o jet-setista com um magaíça*, um pobre, um coitado. Deve-se usar jóias do tipo matacão, ouros e pedras preciosas tão grandes que se poderiam chamar de penedos preciosos. A acompanhar a anelagem deve exibir-se um cordão de ouro, bem visível entre a camisa desabotoada.

Boas maneiras - Não se devem ter. Nem pensar. O bom estilo é agressivo, o arranhão, o grosseiro. Um tipo simpático, de modos afáveis e que se preocupa com os outros? Isso, só uma pessoa que necessita de aprovação da sociedade. O jet-setista nacional não precisa de aprovação de ninguém, já nasceu aprovado. Daí os seus ares de chefe, de gajo mandão, que olha o mundo inteiro com superioridade de patrão. Pára o carro no meio da estrada atrapalhando o trânsito, fura a bicha**, passa à frente, pisa o cidadão anónimo. Onde os outros devem esperar, o jet-setista aproveita para exibir a sua condição de criatura especial. O jet-setista não espera: telefona. E manda. Quando não desmanda.

Cabelo - O nosso jet-setista anda a reboque das modas dos outros. O que vem dos americanos: isso é que é bom. Espreita a MTV e fica deleitado com uns moços cuja única tarefa na vida é fazer de conta que cantam. Os tipos são fantásticos, nesses vídeo-clips: nunca se lhes viu ligação alguma com o trabalho, circulam com viaturas a abarrotar de miúdas descascadas. A vida é fácil para esses meninos. De onde lhes virá o sustento? Pois esses queridos fazem questão em rapar o cabelo à moda militar, para demonstrar a sua agressividade contra um mundo que os excluiu mas que, ao que parece, lhes abriu a porta para uns tantos luxos. E esses andam de cabelo rapado. Por enquanto.

Cerveja - A solidez do nosso matreco vem dos líquidos. O nosso candidato a jet-setista não simplesmente bebe. Ele tem de mostrar que bebe. Parece um reclame publicitário ambulante. Encontramos o nosso matreco de cerveja na mão em casa, na rua, no automóvel, na casa de banho. As obsessões do matreco nacional variam entre o copo e o corpo (os tipos ginasticam-se bem). Vazam copos e enchem os corpos (de musculaças). As garrafas ou latas vazias são deitadas para o meio da rua. Deitar a lata no depósito do lixo é uma coisa demasiado "educadinha". Boa educação é para os pobres. Bons modos são para quem trabalha. Porque a malta da pesada não precisa de maneiras. Precisa de gangs. Respeito? Isso o dinheiro não compra. Antes vale que os outros tenham medo.

Chapéu - É fundamental. Mas o verdadeiro jet-setista não usa chapéu quando todos os outros usam: ao sol. Eis a criatividade do matreco nacional: chapéu, ele usa na sombra, no interior das viaturas e sob o tecto das casas. Deve ser um chapéu que dê nas vistas. Muito aconselhável é o chapéu de cowboy, à la Texana. Para mostrar a familiaridade do nosso matreco com a rudeza dos domadores de cavalos. Com os que põem o planeta na ordem. Na sua ordem.

Cultura - O jet-setista não lê, não vai ao teatro. A única coisa que ele lê são os rótulos de uísque. A única música que escuta são umas "rapadas e hip-hopadas" que ele generosamente emite da aparelhagem do automóvel para toda a cidade. Os tipos da cultura são, no entender do matreco nacional, uns desgraçados que nunca ficarão ricos. O segredo é o seguinte: o jet-setista nem precisa de estudar. Nem de ter Curriculum Vitae. Para quê? Ele não vai concorrer, os concursos é que vão ter com ele. E para abrir portas basta-lhe o nome. O nome da família, entenda-se.

Carros - O matreco nacional fica maluquinho com viaturas de luxo. É quase uma tara sexual, uma espécie de droga legalmente autorizada. O carro não é para o nosso jet-setista um instrumento, um objecto. É uma divindade, um meio de afirmação. Se pudesse o matreco levava o automóvel para a cama. E, de facto, o sonho mais erótico do nosso jet-setista não é com uma Mercedes. É, com um Mercedes.

Fatos - Têm de ser de Itália. Para não correr o risco do investimento ser em vão, aconselha-se a usar o casaco com os rótulos de fora, não vá a origem da roupa passar despercebida. Um lencinho pode espreitar do bolso, a sugerir que outras coisas podem de lá sair.

Óculos escuros - Essenciais, haja ou não haja claridade. O style - ou em português, o estilo - assim o exige. Devem ser usados em casa, no cinema, enfim, em tudo o que não bate o sol directo. O matreco deve dar a entender que há uma luz especial que lhe vem de dentro da cabeça. Essa a razão do chapéu, mesmo na maior obscuridade.

Simplicidade - A simplicidade é um pecado mortal para a nossa matrecagem. Sobretudo, se se é filho de gente grande. Nesse caso, deve-se gastar à larga e mostrar que isso de país pobre é para os outros. Porque eles (os meninos de boas famílias) exibem mais ostentação que os filhos dos verdadeiros ricos dos países verdadeiramente ricos. Afinal, ficamos independentes para quê?

Telemóvel - Ui, ui, ui! O celular ou telemóvel já faz parte do braço do matreco, é a sua mais superior extremidade inferior. A marca, o modelo, as luzinhas que acendem, os brilhantes, tudo isso conta. Mas importa, sobretudo, que o toque do celular seja audível a mais de 200 metros . Quem disse que o jet-setista não tem relação com a música clássica? Volume no máximo, pelo aparelho passam os mais cultos trechos: Fur Elise de Beethoven, a Rapsódia Húngara de Franz Liszt, o Danúbio Azul de Strauss. No entanto, a melodia mais adequada para as condições higiénicas de Maputo é o Voo do Moscardo.

Última sugestão: nunca desligue o telemóvel! O que em outro lugar é uma prova de boa educação pode, em Moçambique, ser interpretado como um sinal de fraqueza. Em Conselho de Ministros , na confissão da Igreja, no funeral do avô: mostre que nada é mais importante que as suas inadiáveis comunicações. Você é que é o centro do universo!"

É política!!

Um amigo fez-me chegar este texto genial:

ANTES DA POSSE
> O nosso partido cumpre o que promete.
> Só os tolos podem crer que
> não lutaremos contra a corrupção.
> Porque, se há algo certo para nós, é que
> a honestidade e a transparência são fundamentais.
> para alcançar os nossos ideais
> Mostraremos que é uma grande estupidez crer que
> as máfias continuarão no governo, como sempre.
> Asseguramos sem dúvida que
> a justiça social será o alvo da nossa acção.
> Apesar disso, há idiotas que imaginam que
> se possa governar com as manchas da velha política.
> Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
> se termine com os marajás e as negociatas.
> Não permitiremos de nenhum modo que
> as nossas crianças morram de fome.
> Cumpriremos os nossos propósitos mesmo que
> os recursos económicos do país se esgotem.
> Exerceremos o poder até que
> Compreendam que
> Somos a nova política.

DEPOIS DA POSSE

Basta ler o mesmo texto acima, DE BAIXO PARA CIMA

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Fica na Grécia...































De acordo com os geólogos Gregos, "a zona encontra-se perfeitamente consolidada".
Por cá há ensaios semelhantes....

Memórias de infância: na Mercearia

Era um jogo que havia nas mercearias do campo.

Digo havia, porque hoje não sei se a Brigada Fiscal acabou com ele por ser de fortuna ou azar.

A ideia era simples.

Em vez dos tradicionais mealheiros 'porquinhos' para deixar gorjeta, os merceeiros tinham um frasco cheio de água (muitas vezes eram reaproveitados os frascos de rebuçados).

Em cima do balcão, o cliente poderia arriscar meter uma moeda e tentar a sorte a ver se ela ficava no interior de um copo previamente colocado no interior do frasco (como documenta o esboço).

Se acertasse, ganharia em dobro do valor da moeda que arriscou.

Se perdesse, a moeda ficava no fundo do frasco para o merceeiro.

Claro que os efeitos e a trajectória que a moeda fazia na água eram a favor do merceeiro.