Tenho a máxima consideração e respeito pelo Dr. Ricardo Vieira.
Habituei-me a ver nele um homem de valores.
A memória mais longínqua que dele guardo é uma conferência a três, nas famosas "conferências do Arco", no Museu de Arte Sacra.
Foi a 30 de Março de 1990.
Com ele participaram António Gorjão e Luís Amado.
O tema era "Competitividade versus Solidariedade".
Nela se disseram algumas máximas que apontei no meu 'livro em branco'.
Umas das máxima foi "A solidariedade ou a competitividade não se decretam, sentem-se e vivem-se".
Outra foi: "Existe uma razão dialéctica entre competitividade e solidariedade".
Outra ainda: "A competitividade é a expressão realista das nossas vidas, a solidariedade é a expressão moral".
A esta distância, e com a polémica criada a propósito do dossier Savoy, deambulo entre estas duas realidades: Competitividade versus solidariedade.
Não sei se estaremos perante um problema de competitividade se de solidariedade.
O que sei é que não é fácil ser, ao mesmo tempo, vereador e advogado.
Como não é fácil ser advogado e deputado, médico e político, dirigente desportivo e político, etc...
A questão, se é que ela existe, coloca-se em diferentes patamares de apreciação.
Na esfera política, na esfera jurídica, na esfera ética/deontológica/moral.
É que, as incompatibilidade entre cargos (diria até actividades, remuneradas ou não) não são sanáveis com um simples estalar de dedos.
É por isso que tenho grandes dificuldades em ver reunidas numa única figura diferentes combinações.
Não se despe absolutamente uma camisola para, momentos depois, vestir outra pele.
Na esfera jurídica, os comportamentos podem serem imaculados (não há ilegalidades/incompatibilidades), na esfera ética/deontológica/moral fica o apuramento a cargo das instituições e das consciências (pode ser censurável), na esfera política é condenável.
Quem votou no CDS-PP nas Autárquicas de 2005 fê-lo para que o partido tivesse uma voz na vereação nos momentos mais importantes para a cidade.
Ao absteve-se de votar ou ao sair das reuniões, cumpre-se a lei mas defrauda-se o eleitorado e distorce-se a democracia.
Não sejamos anjinhos ao ponto de acreditar que certos promotores escolhem o advogado X ou Y pelos seus lindos olhos.
No mais, cada um sabe de si e Deus de todos.
Não devemos ajuizar coisas que não sabemos.
Lembremos do que disse Jesus aos que queriam apedrejar Madalena: 'Quem tiver as mãos limpas que atire a primeira pedra.'
Saber ouvir é uma grande virtude.
A censura, ou não, fica para as instituições próprias e para o supremo dia das eleições...
C'ma Diz O Outro #100
Há 4 dias
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