sexta-feira, 27 de novembro de 2009

15 mil acessos ao 'madeira4ever'

Graças a si este blogue acaba de completar 15 mil acessos.
Continue a fazê-lo....

Memórias: O fundo do Funéu

Em pequeno ouvia recorrentemente a expressão "fundo do Funéu". Quem a usada dava-lhe um tom dramático como se tal local fosse penoso, uma espécie de inferno. Sei que se trata de um lugarejo na freguesia da Ribeira da Janela e, de facto, fica num sítio ermo e de difícil acesso.
Desconheço a origem do nome e não creio que ele tenha a ver com a definição que vem no Dicionário de português. Este diz que Funéu é um substantivo/nome masculino que se refere a um "cordão que passa por dentro de uma bainha, permitindo que esta se franza ou desfranza".
A decomposição da palavra que deriva do latim 'fune', "corda" + 'éu' aponta para aí mas tenho outra leitura/explicação para a origem do nome Funéu, da Ribeira da Janela. Não que nesta freguesia não se usem funéis (cordéis ou elásticos) dentro de bainhas de saias, cuecas e afins mas por outra razão.
Creio que se deve ir a outra raiz para explicar o lugar chamado Funéu. Talvez a 'Funel' (funéu), Funil (infundíbulo). É que o lugar em causa é afunilado. Um abismo.
Quando alguém dizia "fundo do Funéu" era ao abismo que se referia. Querendo com isso corporizar um lugar de onde é difícil sair. Mandar alguém para o "fundo do Funéu" era o mesmo que mandar para o inferno.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Memórias: Café de cevada e do "bom"

O café de cevada é um substituto muito popular do café tradicional. Na Madeira usa-se muito, algumas vezes misturado com café do "bom". Que o digam os clientes da 'Pretinha dos Cafés'.
Lembro-me quando era garoto e estudava no Funchal. Aos fins-de-semana, quando ia ao Porto Moniz o meu avó dava-me um dinheirinho (com alguns extras para comprar um bolo ou beber um copo de leite). A missão era, no fim-de-semana seguinte levar um saco de café de cevada misturado com café do "bom". Algumas vezes também me pedia que levasse uma caixa de bolachas 'quadradas' da fábrica 'Santo António'. No fim-de-semana seguinte... missão cumprida.
Dizem que o café de cevada é uma óptima alternativa e que cria menos dependência. O café de cevada é considerado mais saudável do que o tradicional por não conter cafeína e ainda oferecer todas as propriedades nutricionais e medicinais que o cereal contém.
Se hoje a cevada é conhecida pela maioria apenas como ingrediente principal no fabrico de cerveja, para os povos antigos ela tinha grande importância. Sem o saber, os antigos (populações rurais madeirenses) optavam pelo mais saudável.
A ingestão excessiva de café do "bom" pode causar problemas de comportamento, alterações cardíacas, câncer na bexiga e aumento do colesterol. A cafeína produz insónia e excitação nervosa. O café de cevada pode ser uma alternativa.
Os antigos sabiam que o café de cevada acalma os nervos e é um excelente fortificante para o cérebro. Se for misturado com leite ao pequeno almoço tanto melhor. Não é por acaso que nas prateleiras das tradicionais mercearias madeirenses existe esse objecto inconfundível que é o frasco de café 'Pensal'. E, para os mais dependentes, 'Mokambo' essa bebida à base de chicória, cevada e café. 'Bolero', 'Brasa' ou 'Tofina' para os mais requintados.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Parabéns à Associação..

No próximo domingo, a Associação Desportiva e Cultural da Ribeira da Janela (que ajudei a fundar) celebra o seu 10.º aniversário.
PARABÉNS!!

Memórias: Roçadeira e outras alfaias agrícolas

Numa mão uma vara ou uma forquilha para amainar o silvado e noutra a roçadeira. Era assim que o homem do campo (o que dá 'dias fora' e faz os trabalhos mais fragosos) enfrentava a árdua tarefa de limpar os terrenos invadidos por silvado e deixá-los prontos para o cultivo.
A roçadeira artesanal (espécie de vara comprida com uma podôa ou foice na ponta -hoje há roçadeiras mecânicas) era e é um instrumento essencial das alfaias agrícolas. Na Ribeira da Janela há um sítio que perpetua esse nome: Roçada.
As minhas memórias de infância estão povoadas de imagens de ruralidade. Mais nos outros do que em mim. De foices ao ombro, molhos de erva ou de couves às costas ou à cabeça (mulheres), de sacas de cernelha, de bordões ou forquilhas, de gigas, de espantalhos deixados no campo para as aves não comerem as sementes acabadas de atirar à terra, dos 'molhinhos' de cebolinho ou de 'coivinha' que seriam 'dispostos' na terra para virar cebolas.
Dos 'molhos' de rama das Contreiras que, algumas vezes comprados, prenchiam tornas e regos de batata doce, de laços de coelhos à entrada das tocas, da colheita de espadanas para, uma vez semi-secas, virarem amarras para 'abaixar' a vinha, das enxertias e da construção de 'amparos' e de paredes de empreitada, das tosquias no Fanal ou no Curral Falso.
Das varas de lagar e dos fusos arrancados à serra, das caixas de verdelho que o Estaleiro produziu e que, a custo, passava por trilhos e veredas inimagináveis, do adubo e dos 'ingassos' (parra que restava depois de feito o vinho) levados às costas ou em cestos para adubar a terra, das 'ameixas' para preparar as pipas e cuja combustão nos fazia tossir....
Enfim... das cunhas de rachar lenha ou de outras mais maneiras para 'prender' cabos de ferramentas agrícolas (enxadas, podôas, foice, machados). Dos podões e da ráfia. Dos foles ou enxofradeiras (às vezes saquinhos de enxofre) para deitar nos rebentos da vinha. Enxofre que nos fazia verter lágrimas, da palha lançada ao rego, da debulha nas eiras...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lobby pelos ilhéus

Este blogue faz lobby para que os ilhéus da Ribeira da Janela sejam considerados uma das '7 Maravilhas Naturais de Portugal'. O concurso foi lançado recentemente em antecipação às 'Sete Novas Maravilhas da Natureza', a nível mundial, que se irá realizar em 2011.
Os ilhéus da Ribeira da Janela constam da lista provisória de nomeados. O Fanal e o Lombo dos Cedros também constam na lista provisória. A 7 de Março de 2010, serão conhecidas os 21 finalistas. Oxalá tenham sucesso!
Poderá conhecer os pré-candidatos em www.7maravilhas.sapo.pt.
Os Ilhéus da Ruama (da Rama), Ilhéu Alto, Ilhéuzinho, 'Baixinha' e Baixa Alagada, são mais conhecidos como os Ilhéus da Ribeira da Janela. Destes ilhéus, o mais famoso, tanto pela sua morfologia como pela sua história, é o Ilhéu Alto, também conhecido como Ilhéu Comprido, localizando entres os outros dois ilhéus, com cerca de 40 metros de altura tendo perto do cimo uma pequena abertura, parecendo uma janela. Foi a partir desta particularidade que foi baptizada a freguesia e a ribeira como Ribeira da Janela.
O Ilhéu da Rama ou da Ruama, fica a cerca de 200 metros da costa, sendo o maior e aquele que apresenta alguma vegetação, quanto ao Ilhéuzinho, como o próprio nome indica é o mais pequeno, quase parecendo um rochedo, fica mesmo junto á costa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Memórias: Lendas e supertições (ditos populares) II

Já ouviram falar da 'cruz de cabelo' e do seu poder de afastar o demónio. Pois é, um homem com uma cruz de cabelo ao peito é abençoado. Pelo menos é nisso que a crendice popular acredita. Também existe a crença de que o sétimo filho de um casal será um lobisomem e que a sétima filha será bruxa.
O mês de Agosto é popularmente conhecido como o mês do desgosto (não se deve casar). Se as orelhas ficarem quentes de repente, é porque alguém está a falar mal de nós. Vestir, sem querer, uma peça de roupa ao avesso, não é bom sinal. No Ano Novo, usar roupa interior azul dá boa sorte. bater 3 vezes na madeira, afasta maus agouros ou maus espíritos.
No casamento, se qualquer dos nubentes ao colocar a aliança no dedo do outro, a deixar cair, isso é sinal de infelicidade. Não se deve brincar com a própria sombra porque pode trazer doença. Não se deve contar as estrelas porque faz nascer verrugas. Não cortar as unhas à sexta-feira, porque nesse dia está o diabo a cortá-las. Entrudo borralheiro, Páscoa soalheira. Ter comichão na palma da mão esquerda significa que tem de pagar, se for na mão direita tem a receber. Cortar o cabelo a uma criança tira-lhe a força.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Patri quê?!

Estou preocupado e não é para menos. Preocupado com as gerações vindouras e com o péssimo exemplo que lhe estamos a dar.
Então não é que até o nosso património estamos a hipotecar (não é penhorar como diz o CDS)!.
Tudo começou a 12 de Janeiro de 2007 com o Decreto Legislativo Regional nº 7/2007/M de 12-01-2007 que criou a PATRIRAM - Titularidade e Gestão de Património Público Regional, S. A., sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos.
Daí para cá tem sido um lufa-lufa de engenharias financeiras para financiar este e o outro mundo à custa de activos imobiliários que são de todos nós. Não significa que os percamos mas não há dúvidas que alguém está a servir-se deles como nunca.
E a que título.?!... para pedir dinheiro à banca... para nos endividarmos ainda mais.
"A rentabilização daquele património passa não só pelas tradicionais formas de alienação ou oneração, como, igualmente, pela tomada de medidas inovadoras que visem valorizar todo o acervo patrimonial imobiliário", diz ironicamente o DLR.
O prazo de duração da concessão dos imóveis à PATRIRAM é de 50 anos, renováveis nos termos definidos no respectivo contrato.
E mais... uma coisa que acho perigossíssimo: "O Governo Regional, por deliberação do Conselho do Governo, ou por actos do Secretário Regional do Plano e Finanças, após delegação de competências, pode determinar a transmissão de quaisquer bens ou direitos do domínio privado da Região Autónoma da Madeira para a PATRIRAM".
Não ficamos por aqui... "No caso de a sociedade se dissolver, nos termos legais e previstos nos Estatutos, a Região Autónoma da Madeira adquirirá a propriedade dos bens e direitos da PATRIRAM necessários à manutenção das prestações de serviço público, contra o pagamento de justo valor determinado por avaliação independente".
Por outro lado, parece-me risível a faculdade conferida ao conselho de administração da PATRIRAM, com sede no edifício do Governo, na Avenida Zarco, de "Negociar com o Governo Regional o contrato de concessão com base no qual a sociedade exerce a sua actividade". Como é que se negoceia? É o mesmo que o patrão reclamar aumentos de salários... ao patrão.
Também compete ao conselho de administração "Deliberar a emissão de obrigações, sem prejuízo de à assembleia geral caber idêntico poder". Até onde vai esta faculdade? "Podem ainda ser emitidas obrigações convertíveis em acções de categorias especiais e obrigações com direito de subscrição de acções de categorias especiais, desde que os seus adquirentes sejam entidades públicas regionais". Não quero crer que se entrem em jogos especulativos!!!
E para o futuro? "No futuro, poderão ser titulares de acções da PATRIRAM outras entidades públicas regionais, mas não só a Região Autónoma da Madeira deverá manter a maioria do capital, como na alienação de acções por outros accionistas terá sempre direito de preferência".
Por aqui ficamos... leiam, com olhos de ver, o relatório do Tribunal de Contas

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Memórias: Charadas populares

A pressa é inimiga da perfeição. Amigos amigos negócios à parte.Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura. A ocasião faz o ladrão. Amigos dos meus amigos, meus amigos são. Antes só do que mal acompanhado. A pobre não prometas e a rico não devas. A mulher e a sardinha, querem-se da mais pequenina. A boda e a baptizado, não vás sem ser convidado.
A galinha do vizinho é sempre melhor que a minha. A preguiça é mãe de todos os vícios. A palavra é de prata e o silêncio é de ouro. A palavras (ocasloucas) orelhas moucas. A pensar morreu um burro. Ao rico mil amigos se deparam, ao pobre seus irmãos o desamparam. Até ao lavar dos cestos é vindima.
Boi velho gosta de erva tenra. Boa romaria faz, quem em casa fica em paz. Burro velho não aprende línguas. Chuva de São João, tira vinho e não dá pão. Cada ovelha com sua parelha. Casa de ferreiro, espeto de pau. Cão que ladra não morde. Com vinagre não se apanham moscas. Candeia que vai à frente alumia duas vezes. Cada um sabe de si e Deus sabe de todos. Casa onde entra o sol não entra o médico. Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
Cesteiro que faz um cesto faz um cento. Com papas e bolos se enganam os tolos. De noite todos os gatos são pardos. De Espanha nem bom vento nem bom casamento. De pequenino se torce o pepino. De grão a grão enche a galinha o papo. De médico e de louco, todos temos um pouco. Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és. Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer. Deus ajuda, quem cedo madruga.
Entre marido e mulher, não se mete a colher. Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Em tempo de guerra não se limpam armas. Gaivotas em terra, tempestade no mar. Gato escaldado de água fria tem medo. Junta-te aos bons, serás como eles, junta-te aos maus, serás pior do que eles. Ladrão que rouba a ladrão, tem cem anos de perdão. Mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar. Mal por mal, antes na cadeia do que no hospital.
Manda quem pode, obedece quem deve. Mãos frias, coração quente. Mais vale cair em graça do que ser engraçado. Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo. Não há romaria sem cambado. Muito riso pouco siso. Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe. Não há bela sem senão. Não há fome que não dê em fartura. Não há duas sem três. No melhor pano cai a nódoa. No aperto e no perigo se conhece o amigo. Não há sábado sem sol, domingo sem missa nem segunda sem preguiça.
O seguro morreu de velho. O futuro a Deus pertence. Deus escreve direito por linhas tortas. O homem põe e Deus dispõe. O que não tem remédio remediado está. O seu a seu dono. Os amigos são para as ocasiões. Os homens não se medem aos palmos. Pau que nasce torto jamais se endireita. Para baixo todos os santos ajudam. Para grandes males, grandes remédios. Pela boca morre o peixe.
Presunção e água benta, cada qual toma a que quer. Quando a esmola é grande o santo desconfia. Quem vai à guerra dá e leva. Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte. Quem sai aos seus não degenera. Quem vai ao mar perde o lugar e quem vai ao vento perde o assento. Quem com ferros mata, com ferros morre. Quem corre por gosto não cansa. Quem muito fala pouco acerta. Quem dá e tira sai uma tira. Quem diz as verdades, perde as amizades. Quem se mete em atalhos não se livra de trabalhos.
Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha. Quanto mais te agachas, mais te põem o pé em cima. Quem não chora não mama. Quem desdenha quer comprar. Quem canta seus males espanta. Quem feio ama, bonito lhe parece. Quanto mais depressa mais devagar. Quem boa cama fizer nela se deita. Quem brinca com o fogo queima-se. Quem muito escolhe pouco acerta. Quem não tem dinheiro não tem vícios. Quem não trabuca não manduca.
Quem paga adiantado é mal servido. Quem tem capa sempre escapa. Quem é vivo sempre aparece. Santos da casa não fazem milagres. São mais as vozes que as nozes. Tristezas não pagam dívidas. Uma mão lava a outra, e as duas lavam a cara. Vozes de burro não chegam aos céus. Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Memórias: Lendas e superstições (ditos populares)

Fazem parte do nosso imaginário colectivo. Algumas têm variantes/cambiantes, consoante a zona geográfica ou a situação/lição que se pretende transmitir.Da minha memória de infância, pelo que ouvia na Ribeira da Janela, retive algumas histórias que agora partilho convosco:
Cair azeite (na toalha ou no chão) ou ovos é sinal de azar. Derramar vinho ou açúcar dá sorte. Quem come pata ou pele de galinha fica bilhardeiro. Mexer o chá, na xícara, da direita para a esquerda, pode provocar brigas. Se duas mulheres servirem o chá do mesmo bule, uma delas terá um filho dentro de um ano. Um ovo de galinha muito pequeno é sinal de morte próxima.
Recolher os ovos de uma galinha e levá-los para dentro de casa, após o anoitecer, acarretará uma desgraça. Um ovo com duas gemas pressagia a morte de alguém muito próximo. Não se deve atirar ao fogo a casca de um ovo para que a galinha não deixe de pôr ovos. Não é bom augúrio uma galinha chocar um número ímpar de ovos, pois provavelmente gorarão.
O desperdício de pão é uma prática de mau agouro porque indica que quem o fizer passará fome. Comer laranja de manhã é ouro, de tarde é prata e à noite mata. Costurar roupa no corpo é de mau agouro porque só se costura a mortalha em defunto. Dá azar dormir com meias. Não se deve abrir guarda chuva dentro de casa. Dar um nó no lenço que se usa é excelente protecção contra o mal (havia quem usasse o dinheiro no interior do nó).
Não se deve tirar as teias de aranha de uma casa, pois tira-se a sorte também. Deve-se entrar numa casa com o pé direito para ter felicidade. No sábado de Aleluia é bom buscar água benta na
igreja, espalhá-la nos quatro cantos da casa para sair o azar da residência. É de mau agouro dormir com os pés voltados para a porta de entrada do quarto. Ninguém deve deitar-se sobre uma mesa, atrai a morte.
A mulher grávida não deve usar chaves, medalhas, colares no pescoço/colo, pois a criança sairá com marcas na pele. O umbigo do recém nascido deve ser queimado ou enterrado. O nome de um filho só deve ser escolhido após o nascimento. Comer castanhas cruas faz ganhar piolhos. Pisar cocó é sinal de dinheiro. Partir um espelho ou matar um gato dá 7 anos de azar. Passar por cima de uma criança faz com que ela não cresça mais, para crescer é preciso que aquela que passou por cima o faça outra vez, mas em sentido contrário. Mexer com lume faz xixi na cama.
Pedir três desejos quando se vê uma estrela cadente. Sol e chuva casamento de viúva, chuva e sol casamento de espanhol. Cruzar os dedos atrás das costas quando se diz uma mentira. Usar uma aliança para tirar o tresorelho. Passar uma cagarra ou uma coruja sobre uma casa à noite e a piar é presságio de morte nessa casa. Na quinta-feira santa não se deve lavar nem corar a roupa, porque pode aparecer no panal o retrato de Cristo feito em sangue.
O noivo nunca deve ver a noiva com o vestido de cerimónia antes do dia do casamento. Os noivos são felizes, se na boda chover. Não se deve varrer os sapatos ou pés dos jovens solteiros, pois é sinal que não casarão. Também não se deve varrer a casados porque podem ficar viúvos. Quando uma criança ri enquanto dorme é sinal que está a falar com os anjos. Quando uma criança definha e não come, diz-se que está aguada.
O sarampo ou saranpelo cura-se envolvendo a criança em roupas vermelhas e colocando no quarto tecidos e roupas da mesma cor. A papeira cura-se com uma fita envolta no queixo e cabeça. Uma mulher grávida não deve entrar no cemitério. Se não for satisfeito um desejo a uma mulher grávida o filho nasce com a boca aberta e o cabelo espetado.
As grávidas não devem pegar nos gatos porque as crianças nascerão com asma. Se a barriga da mulher ficar empinada é sinal que traz no ventre um rapaz; se crescer alargando as ancas, é rapariga. Para que os dentes cresçam bem, atiram-se quando de arrancam os 'de leite' (antes era com uma linha e uma porta) para a cinza ou para o telhado, dizendo: 'Dente dentinho, dente dentão vai-te para que nasça outro são'.
Desaparecem os soluços se se pegar um grande susto. Comer muito queijo tira a memória. Quando o pão cai no chão, deve ser beijado por quem o deixou cair, porque está lá Nosso Senhor (quando uma hóstia caía ao chão, antes havia um cerimonial para a recolher). Quando as andorinhas andam rasteiras é sinal de chuva. O número 3 dá sorte, três foi a conta que Deus fez.
Quem varre a casa à noite e deita fora o lixo, deita fora a fortuna. Achar um trevo de 4 folhas é sinal de sorte. A sementeira das batatas, a matança do porco e o corte das madeiras devem fazer-se no quarto-crescente da Lua. Duas pessoas que abrem a boca ao mesmo tempo hão-de ser compadres ou comadres. Não se deve desejar mal a ninguém, pois o próprio vem a caminho.
Quando duas pessoas bebem do mesmo copo, a que bebe em último lugar fica a saber os segredos da outra. Quem passar por debaixo do arco-íris muda de sexo. Depois da meia-noite é perigoso passar por um cruzamento: é lugar de encontro de bruxas e lobisomens (dizem que elas se encontram no chão do Paul da Serra). Quando se mata uma galinha e ela custa a morrer, é porque alguém está com pena dela (só quem não viu como se desnucam as aves!). Cura-se a dor de ouvidos com leite quente do peito da mulher que amamenta.
Finalmente, deixo aqui a explicação popular para as 'manchas' que, da terra, se vêem na Lua: 'Uma vez andava um homem a arrancar silvas ao Domingo. Veio Deus e disse-lhe que não arrancasse as silvas. O homem respondeu que ninguém o via fazer aquele trabalho. Deus disse: "pois deixa estar que te vou por num sítio onde toda a gente te há-de ver". E colocou o homem na Lua com o molho de silvas às costas. São dele as 'manchas' que se vêem na Lua'.

Dá que pensar...

NOS PRÓXIMOS 60 MINUTOS, e de acordo com o ritmo das alterações ocorridas nos últimos 12 meses:
... vão-se constituir 16 novas empresas
... serão dissolvidas 8 empresas
... 6 empresas irão alterar o seu capital social
... 2 empresas serão decretadas insolventes
... serão movidas 24 acções judiciais

Quo Vadis Economia?!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Memórias: Fadário

Fadário é um substantivo masculino que significa fado, destino, sorte. Vida penosa; vida trabalhosa; desgostos, pesares.
O fadário é o caminho, o destino talhado por um poder divino, sobrenatural! Quiçá o mais paradoxal dos caminhos!
A palavra deriva do latim (fatu+ário). Significa aquele que acredita no fado; fatalista. São sinónimos de fadário destino, fado, lida contínua, sorte.
Num dos dicionários que consultei aparece também a palavra Fado e outros termos cuja formação deriva da raiz latina 'Fatum', tais como Fadário, Fadas, Fatal e Fatídico.
A palavra fatal vem explicada como cousa que sucede como por obra do fado sendo que tudo o que sucede é efeito da vontade de Deus; desgraçado; sucedido sem nossa culpa; grande, notável, famoso. Acresce que o termo 'fatalidade' é deste que deriva.
O conceito de fatídico é assim explicado: adivinhador ou declarador de cousas futuras. Daí que 'Fadas', segundo a superstição dos antigos eram as que se achavam aos nascimentos dos grandes e lhes prognosticavam a sua boa ou má fortuna.
Chamavam-se também Fadas às três Parcas que segundo a ficção dos Poetas fiam as maçarocas da vida.
Fadas se diziam também entre o vulgo as mulheres célebres na Astrologia judiciária. Daqui Fadado e Fadar.
Segundo Platão, Fado não é outra coisa que a palavra e vontade de Deus. E segundo o grande Santo Agostinho e São Thomaz, Fado é a disposição e Providência divina que por suas ordens antevê os sucessos, conservando nos actos humanos o livre alvedrio que contribui para eles.
Pois a palavra fadário é uma das que me vem à memória, porque proferida vezes sem conta pela minha saudosa avó. O teu fadário terminou, o meu (ainda) na terra vagueia.