segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Memórias de infância: O balaio

Não havia casa que não tivesse pelo menos um. O balaio era de uma utilidade tremenda. Tanto dava para dependurar na loja com frutas, cebolas ou ovos como para levar à "venda" ou ao campo com semilhas murchas para os "homens de fora".
O balaio genuíno, de cana vieira, era usado até ao limite. Ou seja, até começar a desfazer-se. E mesmo nessas condições, já com buracos e canas partidas, tinha sempre uma utilidade, nem que fosse para que uma palheira chocasse pintos ou para aquecê-los à lâmpada.
Ao contrário de outras paragens, onde o balaio é redondo e usado como arte de pesca, o balaio genuíno madeirense tem a forma oval ou semi-rectagular. Também serve para por roupas sujas ou colocar outros produtos hortícolas.
Por cá não houve nenhuma 'guerra da balaiada' (como no Brasil) mas o balaio marcou uma época. Não havia casa de cestaria no Funchal que não tivesse balaios dependurados para venda.
O “balaio” é um cesto de palhinhas/canas rachadas entrelaçadas. Era muito usado por ser mais leve e mais barato do que o cesto de vimes.
O balaio deu, depois, nome a dança gaúcha, sobretudo replicada no Brasil. E a uma canção popular brasileira (Eu queria ser balaio/balaio eu queria sê,/para andar dependurado/na cintura de você. Eu queria ser balaio/na colheita da mandioca/para andar dependurado/na cintura das chinocas./Mandei fazer um balaio/Pra guardar meu algodão,/balaio saiu pequeno/Não quero balaio não. Refrão:Balaio, meu bem, balaio,/sinhá,/balaio do coração./Moça que não tem balaio,/sinhá,/bota a costura no chão.)
Deu também origem à expressão "c'o balaio" (Expressão de admiração por algo de grande). Também se pode usar, em vez da expressão "saco de gatos", "balaio de gatos".
Também se faziam, embora menos duradouros e em menor número, balaios com outros produtos palhosos como fetos, juncos ou espadanas. Fibras vegetais resistentes onde também se incluia a cana bambu (embora mais rara na ilha).
Hoje a função do balaio é predominantemente decorativa.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Centros comerciais decadentes



Foram, outrora, pioneiros e estão a pagar por isso. O tempo não perdoa e as grandes novidades comercias da década de 80 são hoje pré-históricas.
No dia em que o Funchal faz 5001 anos, falo dos primeiros Centros Comerciais do Funchal que hoje não passam de espaços fantasmagóricos com vitrinas cobertas de jornais e um anúncio a dizer "arrenda-se".
Quem não se lembra dos Centros Comercias do Infante, da Sé, João Tavira, Olimpo, São Pedro, Galerias D. João, Bom Jesus, Oudinot, Eden Mar, Centromar (Ponta da Cruz), Monumental Lido, Europa.
Foram estes alguns dos pioneiros engolidos pelos Madeira Shopping, Galerias São Lourenço, Arcadas de São Francisco, Pelourinho, Anadia Shopping, Forum Madeira, Dolce Vita e outras hipers do Modelo, Pingo Doce, Sá e 'cash & caries' do Estêvão Neves, Nóbrega e outros. Quem não se lembra da velha Matur que ainda hoje ostenta o placard com os dizeres 'Centro Comercial'.
Isto para não falar da descentralização que levou Centros Comerciais a Santa Cruz (Cancela Park, Caniço Shopping, Canicentro, Centro Comercial de Santa Cruz, Camacha Shopping); Ribeira Brava (Centro Comercial Ribeira Brava, de São Bento, Mar à vista; Bravamar); Ponta do Sol (Ponta do Sol Shopping, Santa Teresa - Canhas); Calheta (Onda Park, Laranjeiras); Machico
(Atlântico Shopping); Câmara de Lobos (Centro Comercial do Estreito); Porto Santo (Zarco Shopping), só para falar de alguns.
É a vida, outrora, as bicicletas competiam com as pessoas no corredor do Centro Comercial São Pedro. A loja de animais era também referência. E outros centros comercias multiplicaram-se mesmo em espaços exíguos. O fenómeno era novo e qualquer loja maior, uma vez dividida, dava um novo centro comercial. Até o Lojão!!! E o Bazar do Povo teve de se adaptar.
É a vida, outrora, o cinema chamava muita gente ao D. João onde funcionou uma das primeiras rádios privadas/piratas da Região. É a vida, outrora, as pessoas apinhavam-se nos corredores do Infante ou na cave da Sé.
É a vida, outrora ia-se ao Centromar, hoje ao Madeira Shopping ou ao Fórum Madeira.
Outrora pioneiros acolhem hoje sex-shops, lojas chinesas, curandeiros, tatoos e acessórios, cibercafés e pouco mais....

Memórias: Regionalismos

Abada – colo ou regaço
Abelha – Táxi de 4 lugares
Adoelas – Costelas
Agua de giro – período que distancia uma rega da outra
Abicar-se – Precipitar-se; suicidar-se
Achada – Pequena planície entre terrenos acidentados. Muito empregado toponimicamente (ex. Achada do Pereiro, Achada da Cruz)
Adornar – Adormecer
Ajuntar – Apanhar qualquer coisa caída do chão
Alcançado – Envergonhado
Amancebado – união não matrimonial
Aposinhar – Espesinhar; ferir
Aprantar – plantar
Arcas – Costas
Arrabaçado – aldrabado
Arrebentão – Trecho de estrada muito declivosa
Arrebendita – de vingança ou de propósito
Arregoa – Fenda; pequena abertura
Arribar – Melhorar de saúde
Artejar – Ter pretensões a engraçado
Atazanar – Incomodar com insistência; perseguir
Atremar – Compreender; entender
Atupir – Enterrar os animais que morrem
Azoigar – Morrer (quando se fala de animais)
Azougue – íman
Azuada – barulho da agua ou sons confusos
Bábada – Pequena excrescência passageira na pele
Bacorinho – Suíno recém-nascido ou de poucos meses
Balaio – cesto de cana vieira
Baginha (baja) – Feijão em meio crescimento e destinado a ser cozinhado
Baia – Repreensão; tareia
Bandulho – Barriga; ventre
Barreleiro – cestos de vimes de tamanho médio (normalmente são utilizados nas vindimas)
Batata – Significa só batata-doce
Batoque – Rolha
Bilhardice – comentário da vida dos outros
Bisalho – Pintainho
Bizalho – Galinha pequena
Bolo do Caco – pão achatado
Borracho – Bexiga que leva o vinho nas romarias
Braguinha – Pequeno instrumento de corda peculiar
Brindeiro – Pão Pequeno
Bucho encostado ou virado – Certos incómodos nos intestinos que se curam com massagens Busico – Coisa pequena; criança
Cabouco – Cova; buraco; profundidade
Cagatório – Casa de banho
Calhau – Praia pedregosa formada de pequenos calhaus rolados
Cangalho – coisa velha ou coisa grande. Também se aplica a uma home alto
Canjirão – Caneca Grande
Cangueira – Cãibra
Canhota – inhame ou pimpinela
Chibarro – Cabrito; homem traído pela mulher
Chorrica – Diarreia
Comer estreme – comer sem acompanhamento
Debulhar – Extrair o debulho
Demitado – de propósito
Desfrancelhado – Com o cabelo mal cuidado
Desprestado – Com pouco préstimo
Destaivado – Leviano; pouco ajuizado
Dormente – Entorpecido; com pouca acção
Emantado – Triste e sem movimento
Ementes – por enquanto
Enpandeirado – Diz-se do ventre inchado
Enfiado – Lívido; tomado de susto
Entejar – Enfastiar-se
Escangalhar – Destruir
Esfrancelhado – Despenteado
Espetada – Carne no espeto
Está a cair peneirinho – chuviscar
Esteio – Interrupção passageira da chuva
Estupor – expressão ofensiva ou expressão carinhosa
Fagulha – Faulha
Fajã – Terreno de maior ou menor extensão formado pela queda de terrenos situados a montante, sendo geralmente bastante produtico. Muito empregado toponímicamente.
Favento – Carcomido
Ferrar – Entrar em briga
Fiar – Vender a crédito
Fogage – Fogagem
Fornicoque – Ataque de nervos
Furado – Túnel
Furrica ou churrica – Diarreia
Gadanhos – Dedos; mãos
Gamelão – Vasilha de pedra em que se deita o alimento aos suínos
Giro – Período de tempo de irrigação que medeia entre uma rega e a subsequente
Gosma – Miséria com inveja
Granha – Cabelo
Graveto – Ramo ou aste de plantas sem folhas
Horário – Autocarro
Harmónio – Instrumento musical conhecido por "gaita" ou "caixa de foles"
Infusa – Vasilha de barro bojuda e de gargalo estreito com asa para transportar água
Invejidade – Inveja
Jaca – Pequeno carangueijo
Jaleco – Pequeno casaco sem mangas
Joeira – Papagaio
Lambar – Engolir; comer com muito apetite
Lanço (da levada) – Divisão ou ramal do caudal para a irrigação em mais de um lugar
Lapeiro – O que apanha lapas
Lapinha – Presépio de natal
Leste – Vento violento que sopra dos lados da costa africana com aumento de temperatura e secura da atmosfera
Levada – Aqueduto que conduz a água para irrigação
Levadeiro – Aquele que distribui as águas de irrigação
Lombo – Encosta ou vertente de terrenos elevados; é muito usado toponímicamente (exemplo: Lombo do Urzal)
Malandro – Preguiçoso
Mamulhão – Inchaço causado por pancada
Maneja – Do inglês "manager": chefe em algum serviço
Mangra – Doença da vinha
Molhelha ou tafulho – almofada para transporte de cargas
Matagueira – Matagal
Matracada – Ruido; barulho
Melro – Pássaro
Mexilhão – Mexe em tudo
Mijoca – Bebida ordinária
Moleira – Cérebro
Modilhos – Expressões faciais estranhas
Monquecos – Metidos consigo
Nojência – Coisa imunda e repugnante
Nona – Anona
Noveleiros – Hortênsias
O céu está forrado – o céu está nublado
Obrar – Defecar
Olho-de-boi – lanterna
Olhado – Mau olhar que se atribui a certas pessoas com efeito
Olheirento – Pessoa com olheiras
Pá – Omoplata
Paleio – Conversa
Palheiro – Curral; estábulo
Palhetas – Fósforos
Pampulhão – Pancada
Pancume – porrada
Parafitas – Ir a correr
Patachada – Frase indecente e ofensiva proferida com raiva
Patinhar – Pôr os pés sobre certos objectos
Passadas – degraus
Pecar – Vegetal que para de crescer antes do tempo
Pegar – Provocar uma briga
Pelica – Cerat qualidade de cabedal
Pife – Pífaro
Pilhote – Pulo
Pimpinela – vegetal
Pilhancas – Alguém muito magro
Poia – Excremento; fezes
Poio – Pequenos sucalcos cultivados
Poncha – Bebida tradicional preparada com aguardente, mel de abelha e limão
Profeta – Habitante do Porto Santo
Pucra – Vasilha de barro
Quebrada – Desabamento de terras devido à acção das chuvas
Queixada – Bochecha
Rabalhusco – Resingão
Rabanada – Voltar as costas em caso de discussão com outra pessoa
Racha – Fenda. Acha de lenha
Rajão – Instrumento musical de cordas
Rama – Planta de batata doce
Rancheira – Táxi de 9 lugares
Rebendita – Acção de contrariar propositadamente
Refegão – Golpe de vento inesperado e violento
Refilho – Rebento das plantas
Refundiar – Procurar minuciosamente
Reina – Raiva
Relampada – Bofetada
Renhir – Discutir
Resonda – Repreensão áspera e ofensiva
Roeza – Sensação de fome
Sarnica – Pequena erupção na pele
Sarrado – Encerrado, fechado
Sauma ou Saruga – Ramos ou agulhas dos pinheiros
Semilha – Batata (excluindo a batata doce)
Sentido – Pensamento
Soeira – Casaco de Malha
Soquete – Puxão ou movimento brusco
Samarra -casaco de malha
Sovento – Pouco limpo e asseado
Tachada – Bebedeira
Tacho – Vasilha de folha
Tapassol – Persiana
Tarraço – Alcoólico
Trambolho – Coisa ou pessoa disforme
Trompicar – Cair, escorregar
Useiro e veseiro – Que faz algo muitas vezes
Vadio – Preguiçoso
Variado – Pessoa que tem pouco juizo
Vasola – Mentiroso; exagerado
Venda – mercearia
Vendeiro – Merceeiro
Verga – Fio de metal
Ventas – cara ou rosto
Vidro – Frasco
Vilão / viloa – Habitantes dos campos
Vinhosca – Vinho ordinário
Zangarilha – Individuo cuo modo de andar é desconjuntado
Zarabulhento – Desordeiro
Zoada – Sons confusos ou intelígiveis

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A birra do chip...

Já a 16 de Fevereiro de 2009, neste blogue, disse o que pensava sobre os chips nas matrículas dos carros. CHIPS NÃO?
Contudo, sou democrata e respeito o Estado de Direito Democrático e as decisões da Maioria.
Vem isto a propósito da recusa da Madeira na aplicação da lei que estabelece a obrigatoriedade de instalar a matrícula electrónica em todos os veículos a partir do próximo ano.
A recusa do Parlamento Regional da Madeira em aplicar a lei que prevê que todos os veículos automóveis sejam obrigados a instalar a matrícula electrónica a partir de 2010 é do foro psiquiátrico. A argumentação é do mais birrenta possível sobretudo depois da Comissão Nacional de Dados ter dado garantias que a privacidade das pessoas não seria afectada.
Ora, a decisão da ALM foi publicada a 18 de Agosto último, em "Diário da República". Consultem-na e vejam se não se trata de mais uma birra do tipo do uso obrigatório do 'cinto' automóvel e da mais recente polémica sobre construção de rotundas.
Se a Madeira acha que as leis da República são patetas que as conteste nas instâncias próprias. Não é dizendo para desrespeitar a LEI que se cresce democraticamente.
Refira-se que para concluir o processo legislativo do chip das matrículas, na prática um identificador semelhante ao que hoje é utilizado na Via Verde, falta apenas publicar duas portarias técnicas.
Depois de esclarecidas as dúvidas expressas pela Comissão Nacional de Protecção de Dados e pelo Presidente da República, toda a legislação foi publicada a 18 de Maio.
Porém, a 18 de Julho, a data prevista para a publicação das portarias regulamentares, faltavam ainda aperfeiçoar alguns detalhes.
Uma vez terminado o processo legislativo, a lei sobre o Dispositivo Electrónico de Matrícula entra imediatamente em vigor. Contudo, existe um período de transição de 12 meses até se tornar obrigatório para todos os veículos.
Nos primeiros seis meses, o identificador electrónico será gratuito. A partir daí terá um custo que rondará os dez euros. Valor indicativo para um chip-base, porque poderão vir a existir diversos tipos de identificadores com maior ou menor incorporação de valor acrescentado.
Na prática, o processo é idêntico ao que hoje acontece com as chapas de matrícula tradicionais, para as quais existem diversos fabricantes que apenas têm de respeitar as especificações técnicas.
Haverá grande mal ao mundo por isto! Eu não concordo com chips mas se a maioria assim decidiu há que respeitar...

'Blackout' visual na Choupana

Sou simpatizante do Nacional e, como tal, gostaria de VER o que se passou no jogo Nacional-Zénit. E se sou apenas simpatizante o que dizer dos Sócios que, não indo à Choupana, gostariam de uma imagem VISUAL e não apenas sonora do jogo europeu?
Até porque o Nacional ganhou 4-3 ao poderoso Zénit sem que os repórteres de imagem o pudessem captar.
Nota negativa para esta atitude da direcção nacionalista.
Espero bem que o Sindicato dos Jornalistas actue nas instâncias próprias... não em nome de um suposto privilégio de casta (dos jornalistas) mas em nome dos muitos adeptos que não foram à Choupana mas que tinham o direito de ser informados sobre o que lá se passou.
E não me venham dizer que na Choupana manda o Nacional. Com que dinheiro foram construídas aquelas infra-estruturas? Quanto recebe o Nacional dos nossos impostos, por época, a título de subvenção pública? Que eu saiba, um estádio de futebol é um recinto público (ou de acesso público) e não a coutada de alguns!
Ou a televisão é boa para algumas coisas (designadamente para a projecção da imagem de alguém) e má para outras? É que ninguém ia transmitir imagens em directo, logo, não 'afugentaria' adeptos do estádio da Madeira. O que se pedia era a recolha de imagens para tratamento noticioso (de um acontecimento de relevante interesse público) e nada mais.
Numa palavra: LAMENTÁVEL

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Os gratificados da PSP

Nada tenho contra a PSP e os seus agentes mas faz-me confusão quando se fala em gratificados.
Primeiro porque gratificados pode confundir-se com gratificações e esta última é sinónimo de outros males sociais que começam na cunha e acabam na corrupção.
Depois porque é inconcebível que o Estado forme agentes para pô-los, ainda que nas folgas e horas vagas, a fazer serviços gratificados em vez de, porque não com remunerações extraordinárias, combater o crime (manutenção da ordem e tranquilidade públicas e prevenção e repressão da criminalidade).
Ponto da situação: gratificados são serviços prestados por agentes fardados em arraiais, estádios de futebol, centros comerciais, multas de parquímetros, à porta de estabelecimentos comerciais, casa de políticos, etc.. São SERVIÇOS ESPECIAIS PRESTADOS POR ELEMENTOS DAS FORÇAS DE SEGURANÇA MEDIANTE REQUISIÇÃO DE PARTICULARES.
Além disso, creio que há no mercado da segurança privada empresas e agentes para prestar serviços de segurança quando, claro está, não está em causa a segurança pública que cumpre ao Estado assegurar.
Isto para não falar da possibilidade dos gratificados serem usados como meio de pressão e manipulação pela hierarquia num exercício discricionário a todos os títulos reprovável.
É que dá uma péssima imagem vir reivindicar pagamento de gratificados atrasados. Não que os atrasos não mereçam censura mas só pelo facto de agentes da autoridade virem para a praça pública quase esmolar para que lhe paguem um serviço que efectivamente prestaram.
Compreendo que os péssimos vencimentos da PSP são o maior problema que as forças de segurança sofrem em Portugal. São esses baixos salários que explicam a dependência dos polícias dos serviços mercenários conhecidos como gratificados. Alguns agentes até já contam com os gratificados para suportar as suas despesas mensais. O que era excepção passou a ser regra.

Em resumo:

A PSP tem por missão, no sentido lato, assegurar a ordem e a tranquilidade públicas, e a prevenção e a repressão da criminalidade.
No sentido estrito, compete-lhe, entre outras, a missão de policiamento das ruas e dos lugares públicos, bem como de todas as festas, espectáculos e reuniões públicas.
É por demais conhecida a incapacidade da polícia de dar resposta, minimamente eficaz, à vasta missão que lhe é atribuída, se tivermos em conta os diminutos efectivos de que dispõe conjugados com os horários que pratica e com as múltiplas tarefas administrativas que sobre ela recaem.
Daí o facto da lei contemplar a possibilidade de os elementos policiais, nas suas horas de folga, prestarem serviços que são remunerados pela entidade requisitante.
Porém, quando se trata de serviços prestados a particulares, prescreve a lei que sejam a título excepcional após aprovação do respectivo comando distrital da PSP.
E é desta arbitrariedade facultada por lei aos comandos distritais, que surgem divergências de critérios e modos de proceder díspares que não se justificam quando se procura, tanto quanto possível, obter uniformidade a nível de toda a corporação. Tal o teor de um parecer da IGAI.
Para mim, prever gratificados é a completa mercenarização da autoridade policial.
Deculpem-me os agentes, mas é o que penso.

Memórias: Palavras que aprendi desde criança (U e V)

-Urtigas: Plantas da família das Urticaceas, muito comum na Madeira. Os seus caules e folhas são revestidos de pêlos que segregam um liquido cáustico. A infusão de urtigas (chá) é aconselhada nas moléstias de pele.
-Urzes: Há três espécies que, na Madeira, são conhecidas por este nome. Mais as mais importantes, pelos seus produtos, são duas: a que chamam urze durasia ou das vassouras, e a que é conhecida pelo nome de urze molar ou betouro. As urzes fornecem o melhor carvão da ilha, e os seus ramos e ramusculos são muito usados como combustível (faúlhas) ou para amparos. A urze molar, embora quase sempre arbustiva, pode atingir 8 a 10 metros de alto. A madeira desta espécie é rija, compacta e de um castanho escuro, mas fende com facilidade, sendo por isso pouco usada na marcenaria. Nos campos, empregam-na às vezes para gamelas, colheres, etc.. Os caules não muito grossos, dão excelentes bordões e paus de rede. A urze durasia é quase sempre arbustiva, e só nalguns casos chega a atingir 4 e 5 metros de alto, apresentando então um pequeno tronco com 20 a 30 centímetros de diâmetro. Os seus ramos, além dos usos indicados, servem para o preparo de vassouras.
-Uveira: Arbusto ou pequena árvore frequente nas montanhas da Madeira, onde forma maciços, às vezes bastante extensos. Tem folhas lanceoladas, muitas vezes avermelhadas, e corolas globoso-campanuladas, maculadas de vermelho. A madeira, que é bastante rija, é utilizada como combustível e para o fabrico do carvão, e dos frutos faz-se uma conserva/compota que é útil no tratamento das tosses e constipações.
-Vacinas: Eram o terror da pequenada. Contra contra as bexigas, a varíola, a tuberculose, o sarampo e outras maleitas.
-Vergasta: Aplica-se a um instrumento que serve para dar uma malha em alguém. Pode ser um vime ou outra objecto.
-Vigário: Padre
-Vilão. É o termo geralmente adoptado entre nós para designar os habitantes do Campo. Tem quase sempre um sentido pejorativo, porque o funchalense considera o camponês numa situação social e mental muito inferior à sua, embora na maioria dos casos pratique uma flagrante injustiça.
-Vimeiro: Arbusto ou pequena árvore com os ramos compridos e flexíveis. Os ramos mais longos do vimeiro utilizam-se para o fabrico de grande numero de móveis e utensílios, tais como canapés, cadeiras, mesas, carros, cestos, etc., os mais curtos para ligamentos e vencelhos, assim como para algumas obras miúdas.
-Vinha: A cultura da vinha já em 1445 existia na Madeira, pois que Cadamosto que visitou esta ilha nesse ano, se refere a vinhas plantadas de fresco, entre as quais a malvasia. Na Ribeira da Janela as castas mais conhecidas são o jacqué, a folha redonda, o verdelho e o sercial.
-Vinhático: Árvore com 10 a 25 metros d'alto. Encontra-se nas florestas e margens das ribeiras. Produz madeira de uma linda cor avermelhada e oferecendo notáveis semelhanças com a do mogno, muito usada para móveis e diferentes outras obras. A casca do vinhático é usada para cortumes.
-Vinho de Canteiro: É o vinho que não vai à estufa, e sofre na adega o seu envelhecimento natural.
-Vinte e cinco fontes: Notável queda de água, nas margens da Ribeira da Janela. É um aprazível lugar, visitado por todos os que se encontram na encantadora estância do Rabaçal e em que da rocha viva e aprumada brotam inúmeras nascentes, que se despenham de uma considerável altura. Fica a cerca de 3 quilómetros de distância das casas do Rabaçal.
-Viola de arame: Instrumento musical com cordas de arame, que só é tocado pelos camponeses. A sua afinação, é a seguinte: mi (bordão), lá, ré, sol, si, mi (prima). A viola de arame é instrumento apreciado pelos camponeses e companheiro destes nas suas jornadas, mas os sons que ele produz são pouco agradáveis ao ouvido do homem educado.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O nosso bailinho

Música para animar a malta

Igreja da Ribeira da Janela

Por estas alturas, costuma ser o centro das atenções.
Não há fim-de-semana em Agosto sem Festa à volta da igreja.
Os emigrantes contribuem e agradecem.

Ribeira da Janela: Mudam-se os tempos....

ANTES
DEPOIS

O decote da chanceler alemã Ângela Merkel



A campanha para as eleições alemãs está animada. Vera Lengsfeld, de 57 anos, candidata a deputada democrata-cristã (CDU), aparece num cartaz ao lado da chanceler Ângela Merkel, imitando o vestido decotado que a governante usou, em Abril de 2008, quando foi à ópera de Oslo.
O vestido da chanceler alemã, conhecida pelo seu estilo recatado de saia, calça e casaco, foi alvo de vários comentários por parte da imprensa europeia. Ao imitá-la, Vera tenta ganhar mais votos nas legislativas de 27 de Setembro.
"Nós temos mais para oferecer", lê-se no cartaz ao qual o partido e a chanceler não acharam graça, indicou a revista Spiegel.
Sugiro que a 'moda' dos decotes seja adoptada em Portugal. E nem imaginam o quanto feliz ficaria se a 'moda' tivesse retroactivos e fosse aplicada às Europeias e às boazonas que Berlusconi (Itália) apresentou a Estrasburgo.
Por cá, com decotes teríamos uma Legislativas Nacionais e umas Autárquicas animadíssimas.
Estou a imaginar cartazes decotados de Manuela Ferreira Leite, Joana Amaral Dias, Inês de Medeiros, Berta Cabral, Maria José Nogueira Pinto, Teresa Caeiro, Elisa Ferreira, Ana Gomes, Fátima Felgueiras, Vânia de Jesus (por cá).
E fico-me por aqui para não ferir susceptibilidades.
O que vale é que o PIB está a crescer...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Pouca vergonha...

Façam este exercício: Coloquem-se numa zona panorâmica da parte oeste da cidade do Funchal e olhem para o Monte/Terreiro da Luta/encosta da Ribeira de Santa Luzia/Fundoa...
Sugiro que o façam no Miradouro do Pico dos Barcelos mas 'a coisa' é bem visível da via-rápida, sentido Câmara de Lobos Funhal, (entre a curva do Papagaio Verde e as Madalenas/Santo António).
Olhem para a montanha e vejam a aberração que é uma pedreira/britadeira (creio que da Tecnovia) no meio do arvoredo.
Um autêntico cancro no tampão verde do Funchal, mesmo às portas do Parque Ecológico.
Alguém que ponha fim a isto.
Não é justo poluir visualmente o anfiteatro do Funchal!!!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sugestão...


Agora que estamos em época eleitoral para as Autárquicas 2009, sugeria que algum partido político integrasse no programa eleitoral a seguinte sugestão:
O miradouro da Vila Guida, em Santa Maria Maior, no Funchal, é um dos mais emblemáticos da cidade.
Em frente ao miradouro há um terreno 'vazio' (sem construção), entre a Avenida Santiango Menor (ex-Avenida Salazar) e a Conde Carvalhal.
Creio que o terreno pertence a herdeiros, sendo um deles Francisco Costa, da SDM.
A sugestão vai no sentido da Câmara do Funchal expropriar o referido terreno para ampliar o miradouro Vila Guida.
Dessa forma conseguir-se-ia um maior 'pulmão verde' na zona leste da cidade e impedir-se-ia a construção em frente o miradouro, construção essa que retiraria a vista que corre mundo em postais....



sábado, 8 de agosto de 2009

Lucros descem. Ora essa!!!

É economês mas soa mal em época de crise.
As empresas, sobretudo os bancos, petrolíferas e edp's costumam dizer que, no período X ou Y, os lucros baixaram Z %.
Ora, para mim, é quase obsceno tal divulgação.
O que seria notícia é se a empresa tivesse prejuízos... não a diminuição de lucros!
Mas é esta a lógica empresarial pós-moderna e neo-liberal.
Quando uma empresa começa a baixar os lucros de uma determinada fasquia, fecha-se a loja ou faz-se despedimentos.
Enfim!

Basta de políticos 'anjinhos'!

A propósito da questão dos Políticos e da Justiça, muito se tem dito mas não o essencial.
É conveniente, nalguns momentos, usar expressões do género 'presunção da inocência' e 'ninguém é culpado até trânsito em julgado'. Mas, noutros momentos, só falta pedir a condenação à morte de adversários políticos.
Porquê este estado de espírito antagónico?
Porque o Estado de Direito até dá azo a diferentes estados de espírito.
Porque a liberdade é utilizada ao sabor das circunstâncias e dos momentos políticos.
Digo já que sou contra o facto de cidadãos acusados (e mais ainda de pronunciados e condenados pela 1.ª instância, ainda que sem trânsito em julgado) concorrerem a cargos públicos. Electivos ou não electivos.
Dir-se-á que o Povo é soberano.
Certo!
Mas o Povo é também uma massa amorfa sujeita à mais subtil da manipulações.
É que uma história tem sempre dois lados. E, às vezes, nem sempre o lado argumentativo mais forte é o lado da verdade e da sensatez.
Então dever-se-á retirar a um cidadão a faculdade Constitucional de eleger e ser eleito?
SIM! Tal como outras liberdades Constitucionais são mitigadas (veja-se o direito à informação e o direito à imagem. Qual dos valores prevalece?!)
Diz o ditado popular que com papas e bolos se enganam os tolos.
Temo que, na política, esta expressão encontre o seu expoente máximo.
Anjinhos só no céu!

Memórias: Palavras que aprendi desde criança (T)

-Tabaibeira: Planta originária da América tropical. Os frutos da tabaibeira são doces e frescos e os ramos (vulgarmente folhas) carnudo-suculentos e constituem um bom alimento para o gado, depois de limpos dos respectivos espinhos. As cascas de tabaibos aproveitam-se na alimentação dos porcos.
-Tangerineira/tangerinas: Árvore que dá um fruto pequeno mas saboroso.
-Tentilhão: Ave comum nas zonas arborizadas da região. Tem bonita plumagem e canto agradável. Confecciona o seu ninho com raízes e colmos de gramíneas, sendo o interior forrado de lá, cabelo ou penas. Faz uma postura de 4 ovos, que podem variar desde o verde ou azul claro até o avermelhado, passando pelo azul carregado.
-Til: Laurácea de 15-30 metros. Encontra-se nas florestas do interior e do norte da Madeira, e produz madeira com cerne e borne bem delimitados, este branco, aquele negro. Uma vez cortada, esta madeira tem um cheiro forte e bastante desagradável, que só desaparece completamente passados anos. A madeira do til é de excelente qualidade e muito usada para móveis e diferentes outras obras (tipo fusos).
-Tomateiro: Os seus frutos (tomates) duma acidez agradável, são muito utilizados na cozinha madeirense.
- Tomateiro Inglês: Solanacea com folhas cordiformes e bagas globosas. Estas bagas são comestíveis, e prepara-se com elas um doce muito saboroso.
-Toutinegra: Pequena ave que pertence à família Turdida.
-Traças: Algumas espécies atacam os estofos e os tecidos de lá, ao passo que nos livros é a larva branca que causa grandes devastações. Para afugentar as traças dos móveis em que se guardam roupas, empregam os madeirenses as pimentas, os cálices e operculos do eucalipto, a cânfora e a naftalina.
-Trapiche: É um sítio no Funchal mas, metaforicamente, é empregue quando se quer dizer que alguém não dispõe de todas as suas faculdades mentais.
-Tremoceiro: Leguminosa muito cultivada na Madeira. Para fazer perder às sementes do tremoceiro o seu amargor, torna-se preciso cozê-las em água contendo alguma cinza e carvões, e depois fazê-las macerar em água durante uns oito dias, devendo esta ser renovada duas vezes no dia. Também usam colocar os tremoços em sacos nas águas correntes das ribeiras, o que abrevia bastante o trabalho da preparação dessas sementes. O tremoceiro é muito utilizado para a fertilização das terras, sendo frequentes vezes cultivado exclusivamente para tal fim. Sobretudo debaixo das latadas de vinha. À semelhança da fava.
-Tremores de terra: É a expressão popular para referir-se a sismos.
-Trevo: Este nome serve para designar um grande número de Leguminosas com folhas 3-foliadas. São plantas muito adequadas á alimentação dos gados. Encontrar um trevo com quatro ou mais folhas dá uma sorte dos diabos!
-Trigo: Que dizer do sustento de várias famílias! E dos alqueires e moios que se iam moer aos Lamaceiros!
-Tromba-de-água: Uma grande chuvada num curto espaço de tempo e num único local.

Memórias: Palavras que aprendi desde criança (S)

-Sá: Que mais dizer... é um dos sobrenomes da minha família.
-Sabão: Conheci desde pequeno o pau de sabão azul. E esse ingrediente hoje em desuso: o anil para coarar a roupa.
-Sapata: Pé grande. Apelido de família da Ribeira da Janela
-Segurelha: Planta muito usada para fazer açorda e outras especialidades culinárias.
-Saudade: Palavra que amenizava a ausência de familiares emigrantes.
-Salgadeira: Púcara em barro onde se colocava a carne de porco para durar todo o ano e não apenas no Natal.
-Semilha: Todos os madeirenses sabem o que significa...
-Silva: Outro sobrenome da minha família.
-Silvado: Cresce em abundância em terrenos abandonados. É cortado com uma podôa que se coloca na ponta de uma vara. O melhor para se ver livre dele é fazer uma queimada controlada.