Percorro outros ensinamentos e outras culturas e não encontro o significado que, na Ribeira da Janela, se dá a tafulho. Tafulho é um emaranhado de ervas secas (ou um pedaço de saca de serapilheira ou pano -nas versões menos genuínas) que serve para se colocar entre a borda da giga e a cabeça por forma a que a carga seja menos dolorosa e equitativamente repartida.
Ainda pequeno, lembro-me de o usar sobre a saca de cernelha, de serapilheira, na azáfama da vindima ou no transporte de batata. A giga, essa era à nossa medida. Uma réplica à nossa escala de uma giga de homem. Uma giga feita por um artesão do Ribeiro Escuro que já não lembro o nome. Era feita de vime e o meu avó mantinha-a no armazém para as eventualidades. Tal como a minha avó, na amassa do pão ou nas rosquilas, fazia o 'brindeiro' à nossa escala (pequeninos).
Feito este aparte, na minha infância era assim que conhecia o tafulho. Não na versão/expressão açoriana onde "Não ter Tafulho" quer dizer, não ter remédio, saída, saúde, etc. Exemplo: “O dia ainda não acabou mas eu estou esfalfado e sem tafulho”. "Sem tafulho", para os açorianos, é mesmo algo que não tem solução. "Sem tafulho" é ainda sem emenda, remédio, "ponta por onde se lhe pegue". Exemplos: “Não há nada a fazer. Isto já não tem tafulho”. "Não tenho tafulho! - Confesso, sou dependente.” .
Tafulho também adquiriu outros significados mas não os da Ribeira da Janela: Exemplos: “Desculpa não ter vindo ontem mas não tenho dado "tafulho" à minha lista de contactos”. Ou então “O fim dos períodos lectivos é sempre um tafulho de actividades”. Ou ainda “Já que o campeonato não tem tafulho é jogar em 4-4-2”. Ou mesmo, “os guardas florestais não dão tafulho a apanhar os ladrões de árvores de Natal”.
Diz a gramática que tafulho é um nome masculino, singular, cujo plural é tafulhos. Mas também pode ser um verbo conjugável (tafulhar) ou um substantivo. Está definido (significado) como “Peça que serve para tapar uma abertura; bucha, rolha”.
Confesso que para além do significado que inicialmente referi (o mais genuíno), na Ribeira da Janela também se usa o termo 'tafulho' para referir-se a um emaranhado de ervas e trapos velhos que servem para tapar a água em levadas e conduzi-la até à terra.
Acontece muito na rega de feijão ou da rama acabada de plantar. Após os regos estarem tirados, depois de colocado o restolho, erva, giesta ou galhos de faia. Depois de espalhado o estrume, havia que abafar os regos. Os regos eram habilmente 'tirados' por forma a que a água escoasse nem muito depressa nem muito devagar. Por isso é que haviam meios regos.
Estando a rama plantada, era importante regá-la logo de imediato, visto que era crucial para pegar.Logo que a água iniciava o seu percurso pelo rego, um ficava à frente da água para patinhar a rama. descalço e molhado até aos joelhos a saltar de rego em rego. Outro ficava na levada lateral, no tafulho a encaminhar a água da levada para os regos. Entre as vozes “tapa” ou “quebra” lá ia o tafulho deslizando até ao fim do poio.
Ainda pequeno, lembro-me de o usar sobre a saca de cernelha, de serapilheira, na azáfama da vindima ou no transporte de batata. A giga, essa era à nossa medida. Uma réplica à nossa escala de uma giga de homem. Uma giga feita por um artesão do Ribeiro Escuro que já não lembro o nome. Era feita de vime e o meu avó mantinha-a no armazém para as eventualidades. Tal como a minha avó, na amassa do pão ou nas rosquilas, fazia o 'brindeiro' à nossa escala (pequeninos).
Feito este aparte, na minha infância era assim que conhecia o tafulho. Não na versão/expressão açoriana onde "Não ter Tafulho" quer dizer, não ter remédio, saída, saúde, etc. Exemplo: “O dia ainda não acabou mas eu estou esfalfado e sem tafulho”. "Sem tafulho", para os açorianos, é mesmo algo que não tem solução. "Sem tafulho" é ainda sem emenda, remédio, "ponta por onde se lhe pegue". Exemplos: “Não há nada a fazer. Isto já não tem tafulho”. "Não tenho tafulho! - Confesso, sou dependente.” .
Tafulho também adquiriu outros significados mas não os da Ribeira da Janela: Exemplos: “Desculpa não ter vindo ontem mas não tenho dado "tafulho" à minha lista de contactos”. Ou então “O fim dos períodos lectivos é sempre um tafulho de actividades”. Ou ainda “Já que o campeonato não tem tafulho é jogar em 4-4-2”. Ou mesmo, “os guardas florestais não dão tafulho a apanhar os ladrões de árvores de Natal”.
Diz a gramática que tafulho é um nome masculino, singular, cujo plural é tafulhos. Mas também pode ser um verbo conjugável (tafulhar) ou um substantivo. Está definido (significado) como “Peça que serve para tapar uma abertura; bucha, rolha”.
Confesso que para além do significado que inicialmente referi (o mais genuíno), na Ribeira da Janela também se usa o termo 'tafulho' para referir-se a um emaranhado de ervas e trapos velhos que servem para tapar a água em levadas e conduzi-la até à terra.
Acontece muito na rega de feijão ou da rama acabada de plantar. Após os regos estarem tirados, depois de colocado o restolho, erva, giesta ou galhos de faia. Depois de espalhado o estrume, havia que abafar os regos. Os regos eram habilmente 'tirados' por forma a que a água escoasse nem muito depressa nem muito devagar. Por isso é que haviam meios regos.
Estando a rama plantada, era importante regá-la logo de imediato, visto que era crucial para pegar.Logo que a água iniciava o seu percurso pelo rego, um ficava à frente da água para patinhar a rama. descalço e molhado até aos joelhos a saltar de rego em rego. Outro ficava na levada lateral, no tafulho a encaminhar a água da levada para os regos. Entre as vozes “tapa” ou “quebra” lá ia o tafulho deslizando até ao fim do poio.
2 comentários:
As suas crónicas fazem-me reviver partes duma infância dividida entre o Funchal e a Ponta Delgada. As "férias grandes" eram passadas na terra dos meus avós maternos e todo esse vocabulário por si relembrado faz-me voltar a esses tempos. Tempos que deixaram saudade, nostalgia e um estranho sentimento de irrealidade. Há dias, aproveitando um feriado, regressei á Lombada onde o tempo parece ter parado mas onde tudo se modificou. Num passado muito recente todos os pedacinhos de terra eram aproveitados. Onde não dava semilha dava trigo, onde a batata não vingava plantava-se milho. Até inhame nos terrenos alagados que não prestavam para mais nada. E o agrião da ribeira? Aquelas sopas que já não se fazem...Hoje vê-se matagal. O silvado invadiu tudo, até as paredes do velho palheiro foram invadidas por mato. Ainda bem que o meu avozinho já cá não está para ver o estado de abandono e tristeza que invadiu a terra que lhe deu alimento e o pão para criar os seus 10 filhos. Obrigada pelo reavivar das lembranças.Continue com o excelente trabalho.
Luciana
Costumo passar por aqui.
O tempo passa,e as lembranças chegam saudosas...
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