quinta-feira, 9 de abril de 2009

Memórias de infância: Desnatadeira


Era nelas que se fazia a recolha da matéria-prima no campo. Na Ribeira da Janela, no meu tempo, havia duas, uma na Eira da Achada e outra nos Casais da Igreja. Os postos de recepção de leite (desnatadeiras) foram, entretanto, desactivadas.
Mas marcaram uma longa época de relação do homem da terra com a indústria. Aliás, foram sustento de precárias economias familiares que nem uma bilha poderiam dispensar. Aliás, quando, por infelicidade, alguém derramava uma bilha antes de chegar à desnatadeira era um 'rombo' no orçamento e não se livrava de levar uma sova ou uma resonda ao chegar a casa.
E mandava a tradição que o leite devia ser recolhido em bilhas. Depois seguia para a desnatadeira onde se extraia toda a gordura do leite antes de coalhar. Numa fase mais recente o leite era apenas 'triado' (consoante a qualidade) para sem enviado para fábrica.
Ainda me lembro da minha mãe ter regateado com quem produzia leite para, em vez de mandar todo para a desnatadeira, separar uma garrafinha (leiteiro) para os pequenos beberem. Eu próprio ia de leiteiro em punho buscá-lo. E ai de mim se o entornasse!
O ideal era leite de cabra mas, quando não havia, o de vaca servia na perfeição. Até o soro, às vezes, servia.

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